Francisco Joatan Freitas Santos Júnior¹
(Texto 02)
A História caminha pelas trilhas dos feitos deixados pelos seres humanos
ao longo do tempo-espaço. A História anda montada nas abordagens históricas,
por isso, nesse texto, faz-se uma descrição das teorias e conceitos específicos
de história que desaguam nas abordagens históricas sobre o ensino. No caso do
Brasil, elencam-se entre as principais abordagens: historicismo, nova história e
marxismo.
O historicismo positivista, segundo
Bittencourt (2011, p. 141) tem essa denominação “[...] por basear-se nos
princípios da objetividade e da neutralidade no trabalho do historiador”. A
crítica ao historicismo foi feita por
Cardozo (1988, p. 37-38): “[...] viam nos fatos singulares ou individuais do
passado o objeto da História; porém, não lhes atribuíam o caráter de fatos
reais, externos ao observador: viam-nos como ‘fatos de pensamento’, como uma
criação subjetiva”. O historicismo parte do pressuposto de que o fato histórico é único e não tem
possibilidade de repetição no tempo. Sua principal característica é a busca da
neutralidade e objetividade do fato-acontecimento, apresentando-se como uma
“história verdadeira”.
A Nova História faz uma crítica conceitual ao método
tradicional, levanta o papel da hipótese na pesquisa historiográfica, amplia o
conceito de documento, cria a ideia de história-problema, debatendo com as
outras ciências sociais e provoca uma revolução teórica na historiografia.
Entretanto, a própria “[...] expressão Nova História guarda muita semelhança
com certas expressões abrangentes, que supostamente possuem um conteúdo
definido, mas que se recusam a uma definição precisa.” (SILVA, 2001, p. 200).
Afora as críticas de ser comparada a uma “história em migalhas”, a Nova
História impactou sobre a forma e o conteúdo do ensino de História e
possibilitou ao historiador, mas também ao aprendiz, pensar e refletir sobre
sua prática social.
O marxismo
como tendência historiográfica teve um impacto muito prático no ensino
de História, no período
pós-ditadura no Brasil. A influência marxista nas obras, currículos e métodos
se reflete na tendencia de parte da sociedade ao questionar os modelos
tradicionais de História, embora o desejo da sociedade e dos historiadores nem
sempre se coadunem de forma absoluta à realidade social e histórica. Segundo Carr (2002, p. 173): “Depois da obra de Marx e Freud, o historiador não tem desculpa para se
considerar um indivíduo isolado que se situa fora da sociedade e da história”.
No entanto, o tipo de marxismo aplicado ao ensino de
História no Brasil foi considerado por demais ortodoxo e tido como teleológico,
mecanicista e a-histórico dada a influencia das correntes próximas ao
stalinismo. De acordo com Fonseca (2014, p. 49): “A outra abordagem, tratada
por alguns setores da historiografia brasileira, como renovação em currículos e
livros de história nos anos 80, já mencionada anteriormente, foi a versão
marxista ortodoxa da ‘evolução dos modos de produção’”.
Sem entrar no mérito do problema, pode-se relatar uma tentativa
de autocrítica feita por historiadores, recorrendo a E.P. Thompson (1981, p. 12)
que denunciou o marxismo ortodoxo de Althusser e pretendeu inaugurar uma
renovação conceitual no materialismo histórico, ampliando o conceito de poder
para além dos limites e das esferas do Estado, abrindo perspectivas para pensar
a realidade em termos de classes sociais e cultura.
A posição de Cardoso (1988, p. 49) traduz um pouco do
“espírito” do historiador atual: “A História é, para nós, uma ciência em
construção”, porque “[...] a conquista do seu método científico ainda não é
completa, que os historiadores ainda estão descobrindo os meios de análise
adequados ao seu objeto”. Admitir os limites teóricos é uma forma de avançar
nas possibilidades da ciência histórica, além do mais,
não se tem a pretensão de esgotar o tema. O problema da História é equivalente
ao caminho por onde anda a própria humanidade, mas não é a problemática central
desse modesto texto.
Palavras-chaves: História, teoria e abordagem.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BITTENCOURT,
Circe Maria Fernandes. Ensino de história:
fundamentos e métodos. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.
CARDOSO, Ciro Flamarion. Uma introdução à história. 7ª ed. São
Paulo: Editora Brasiliense, 1988.
CARR, Edward Hallet. Que é história? Conferências
George Macaulay Trevelyan proferidas por E. H. Carr na Universidade de
Cambridge, jan./mar 1961. Tradução Lúcia Maurício de Alverga, revisão técnica
Maria Yedda Linhares. 8ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
FONSECA,
Selva Guimarães. Didática e prática de
ensino de história: experiências, reflexões e aprendizados. 13ª ed., rer. E
ampl. Campinas, SP: Papirus, 2014.
THOMPSON, E.
P. A miséria da teoria ou
um planetário de erro: uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio: Zahar, 1981.
SILVA, Rogério
Forastieri. História da historiografia: capítulos para uma história das
histórias da historiografia. Bauru, SP: EDUSC, 2001.
[1] Texto apresentado na disciplina
de Epistemologia das Ciências Sociais, ministrada pelo Prof. Dr. André Haguette
no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará - UECE.
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