sábado, 28 de setembro de 2019

O significado da Semana do Hip Hop no Ceará

Movimento Hip Hop do Ceará comemora 30 anos e prepara Semana Estadual e Municipal

Foto FCH2
O hip hop do Ceará esteve presente em todos os momentos de decisão política no Estado, vivendo nas últimas três décadas o desafio de estar ao lado dos trabalhadores, dos pobres e dos excluídos, engajado nas mais diversas lutas sociais. Só nas universidades passam de 50 as obras que registram e analisam os impactos e realizações dessa manifestação cultural que desempenha papel social relevante na sociedade. 

É importante ressaltar que a cultura hip hop é bem mais antiga do que o movimento hip hop no Ceará, existindo registros, no Estado, da dança e da música já nos primeiros anos da década de 1980.

São várias gerações de protagonistas sociais formadas pelas diversas organizações do movimento. Destaque para organizações históricas como Comunidade Reunida Hip Hop, Movimento Hip Hop Cultura de Rua/MCR e MH2O, que atuaram na década de noventa e até os anos 2000, ao lado de diversas crews de break e grafite, bancas de RAP e Dj's, e que servem de referência para um tipo singular de hip hop militante que une cultura e luta social. Este hip hop se desenvolveu fortemente no Nordeste brasileiro e, especialmente, no Ceará.

São muitas as lideranças e referenciais que hoje atuam em organizações sociais, empresas, órgãos governamentais, partidos políticos e projetos sociais, e que foram formados política e socialmente no âmbito do Movimento Hip Hop cearense. Atualmente, a congregação e atuação política dessa parte da juventude ocorre, principalmente, mas, não só, por intermédio do Fórum Cearense de Hip Hop (FCH2), organização sociocultural criada no ano 2000 como um espaço democrático e consensual de participação, aberto à todas as organizações de hip hop do Estado.

Uma das conquistas legais desse movimento foi a institucionalização da Semana do Hip Hop, conforme aprovação pela Assembleia Legislativa do Ceará da Lei estadual nº 14.602 de 5 de janeiro de 2010, de autoria do Deputado Artur Bruno, sendo sancionada por Domingos Filho, governador em exercício. O evento de valorização do hip hop deve ocorrer na semana em que incide o dia 30 do mês de novembro, data de aniversário do Movimento Hip Hop Organizado do Ceará (MH2O), primeira associação de DJ’s, rapper’s e b’boys do Estado.

Este reconhecimento serve para que a sociedade possa perceber uma imagem da juventude periférica associada a valores e ações cidadãs e produtivas, gerando assim uma informação que seja diferente das 14 horas diárias de programas policiais que mostram apenas o lado negativo e as mazelas sociais a que estão submetidos os jovens.

Esta lei significa o reconhecimento de um estilo cultural que ajudou centenas de jovens a saírem das “garras das drogas” e do crime. Possibilitou o acesso à cidadania e a autoestima de pessoas que estavam entregues à própria sorte na sociedade, sem apoio ou amparo de ninguém. O hip hop tem um legado de mobilização pela cidadania com uma vasta amplitude nos movimentos de juventude.

Foto FCH2

Sobre o hip hop do Ceará existem vários livros, dezenas de teses acadêmicas e centenas de links na internet, destacando sua trajetória, seus resultados e impactos sociais.

No âmbito municipal, o Vereador Ronivaldo Maia também propôs a Semana Municipal do Hip Hop em Fortaleza.


REFERÊNCIAS:

BLOG DO ELIOMAR
http://blogdoeliomar.com.br/2010/04/22/projeto-que-cria-a-semana-do-hip-hop-aguarda-sancao-municipal/


Assembleia Legislativa do Ceará - ALCE
https://belt.al.ce.gov.br/index.php/legislacao-do-ceara/datas-comemorativas/item/1179-lei-n-14-602-de-05-01-2010-d-o-13-01-2010




Oração pelo Movimento!


Prof. Joatan Freitas declama o poema "Oração pelo Movimento" na Semana Municipal do Hip Hop de Fortaleza, em 2011.

sábado, 21 de setembro de 2019

Biografia de Manuel de Barros

Das certezas, dos excessos,
Das imagens, das sensações,
Do delírio, do cotidiano.
Não trago vivências,
Trago experiências.
Não que não se entenda o tempo
Propício de viver.
Não, não é isso...
Até porque todo tempo é vida
E vida é leitura, é aprendizagem.
Apenas, o tempo de viver
Não corre no tempo de Einstein,
Ou no tempo cartesiano de Newton.
Quem marca ou desmarca
O tempo da vida são as narrativas,
Que escorrem sem cronologia.
Que.... também, não concorre à poesia
Nem ao Eu Poeta de outro tempo,
Que nos habita. Pois, como na
Biografia do Orvalho;
Quem pensaria...
Em renovar o homem usando borboletas?


Meu abraço!


quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Os danos políticos da feira de carros no Conjunto Ceará

A população desaprova a transferência da feira de carros usados da Parangaba para o Conjunto Ceará


Prof. Joatan Freitas

A transferência da feira de carros usados da Parangaba para o Conjunto Ceará pela Prefeitura de Fortaleza, sem consulta à comunidade, tem causado danos ambientais, sociais e políticos. Explicando melhor!

Os danos ambientais são perceptíveis no ataque às fontes de água natural que estão sendo soterradas e ameaçadas pela ação descuidada da Prefeitura de autorizar a instalação da feira na última grande área verde, uma região que já está sendo devastada pela urbanização e pelo descaso do poder público com o meio ambiente.

Por outro lado, o argumento de crescimento econômico para o bairro não se sustenta diante das ameaças de degradação social e ambiental, pois somente uma minoria poderia lucrar com o uso indevido do espaço, enquanto a comunidade perderia seu projeto de desenvolvimento sustentável, há tempos agregado numa proposta de parque ecológico de convivência socioeducacional, práticas de esportes e proteção ambiental.

Os danos sociais são justapostos aos danos à saúde da população. Dada as decisões políticas precipitadas e à desorganização da feira de carros, a prefeitura não conseguiu garantir um mínimo de saneamento básico para o público visitante, deixando clientes, comerciantes e moradores em situação de risco, caso em que a saúde já está por demais debilitada na cidade. Os problemas urbanísticos que se avolumavam na Parangaba foram transportados irresponsavelmente pela Prefeitura para o dia-a-dia dos moradores do Conjunto Ceará.

Assim, não bastasse os problemas com o meio ambiente já suficientemente denunciados pelos movimentos comunitários, tem ainda os danos sociais, pois os moradores que são assistidos pelo Posto de Saúde Maciel de Brito ainda têm dificuldades de estacionar na área com seus parentes, principalmente, os mais idosos, dada a quantidade de carros que ocupam desordenadamente o espaço, inclusive com infrações graves à legislação e à revelia da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC).

A atitude da Prefeitura de Fortaleza, sem aviso e sem consulta aos moradores, atenta contra o desenvolvimento sustentável da comunidade, considerando que as ações no polo do Conjunto Ceará precisam ser planejadas, de forma a respeitar o social, o cultural e o ambiental. O poder público não pode agir de forma desorganizada, pautado simplesmente pela questão política, causando prejuízos irrecuperáveis à comunidade.

Os danos políticos são decorrentes das lutas comunitárias que causam estragos aos políticos desavisados, pois não entendem o caráter democrático dos movimentos comunitários, ainda mais às vésperas de anos eleitorais. O bairro tem uma tradição que se revela em grandes conquistas históricas, como foi o caso da resistência contra o Linhão da CHESF; da luta pela manutenção do Hospital Nossa Senhora da Conceição; da greve dos estudantes por eleições diretas para diretor; da organização independente da Festas Juninas, e de muitas outras manifestações públicas. Por isso, nunca é demais alertar sobre o grande erro que os poderes públicos e os políticos tendem a cometer quando subestimam o poder de mobilização da comunidade.

Lembrando que em recentíssima enquete do Conselho Comunitário do Conjunto Ceará, os moradores desaprovaram a transferência da feira de carros usados da Parangaba para o bairro.



O deslocamento da feira de carros usados para a área verde da comunidade, sob a irresponsabilidade da Prefeitura de Fortaleza, será discutido numa audiência pública da Câmara de Vereadores, solicitada pelo Movimento S.O.S. Conjunto Ceará, em data a ser confirmada.

Entretanto, a tradição comunitária revela também que as audiências públicas são momentos de grandes embates das lutas populares no Conjunto Ceará!

Uma poética viagem do Crato (CE) a Juazeiro (BA)

O ônibus a Serra subindo
O roncado aumentando
Eu da janela olhando
O Crato ao poucos sumindo
E vou pensando que lindo
É o nosso amado Sertão
Tem tudo pra o cidadão
A grande dádiva de Deus
Que acolhe aos filhos seus
Dando amparo e proteção

Vou deixando o Ceará
Já chegando em Pernambuco
Num tremendo vuco-vuco
Buraco aqui e acolá
Chega em Exu, tomo um chá
Ouço o grande Gonzagão
Cantando Xote e Baião
Velhas lembranças me traz
Hoje em Exu reina a paz
Não há mais mortes em vão

Sigo sem grande escarcéu
Meu repente itinerante
Chegamos em Timorante
O da Pedra do Chapéu
As nuvens parecem um véu
Encobrindo o céu inteiro
Seguindo nesse roteiro
Chegamos em Bodocó
Terra do forrobodó
Nosso ritmo verdadeiro

Em Bodocó a lembrança
Da música do casamento
Da filha de "Antônio Bento"
Do meu tempo de criança
Numa tremenda festança
Aqui jaz a fé cristã
Tem a Pedra do Claranã
A São José tem louvor
E do poeta cantador
Flávio Leandro sou fã

Chegando em Ouricuri
O céu bastante nublado
Clima frio e invernado
O sol ainda não vi
Histórias daqui ouvi
Pois vovô aqui morou
E para a gente contou
Da "Guerra do Paraguai"
Confirmado por papai
Só dez por cento voltou

Santa Cruz é a parada
Para descanso e café
Leva o nome pela fé
Santa Cruz da Venerada
A uma cruz encontrada
Sob um pé de juazeiro
Que foi abrigo primeiro
De um padre adoecido
E ter nele permanecido
Até curar-se por inteiro

De Santa Cruz me despeço
Próximo destino é Lagoas
Vou compondo minhas loas
E a inspiração a Deus peço
Escrevendo recomeço
A caneta utilizando
No papel vou anotando
Ao improviso brotar
A "pilha" do celular
Acabou descarregando

Jutaí foi ligeirinho
Só vi a placa de "flande"
Já estamos em Lagoa Grande
Terra da uva e do vinho
Me contou um passarinho
Num acorde em si bemol
Que antes do arrebol
Você pode agendar
E os vinhos degustar
Com a marca "Rio Sol"

Sinto a presença divina
Passando a Serra da Santa
A minha euforia é tanta
Ao chegar em Petrolina
A cidade que fascina
O vale são franciscano
Entra ano e sai ano
Cada vez fica mais bela
Ė a menina singela
Do sertão pernambucano

Na ponte miro a paisagem
Das águas do Velho Chico
Cada vez que passo eu fico
Extasiado com a imagem
Bem no meio da passagem
Como um convite a alegria
Tem uma placa "sorria"
Depois da "Ilha do Fogo"
Bem vindo ao "desafogo"
Juazeiro da Bahia...

 (Agliberto Bezerra, improvisando na viagem do dia 1º Julho de 2019.)

Fontes d'água ameaçadas por feira de carros no Conjunto Ceará


As fontes de água estão sendo soterradas pela atitude da Prefeitura de Fortaleza de transferir a feira da Parangaba para a área verde e institucional do Conjunto Ceará, sem consulta à comunidade e sem um estudo de impacto ambiental. Veja o vídeo feito por um morador do bairro e analise o tamanho do prejuízo ambiental causado por esta atitude desrespeitosa do poder público:


No vídeo publicado em sua página no Facebook, Rubstenio Araújo Laurentino afirma que não é contra as obras no bairro, mas cobra das autoridades uma solução para salvar a fonte de água natural. O morador ainda calcula a vasão da água e mostra claramente a força da fonte e o desrespeito com o meio ambiente. Rubstenio diz que não vai se calar diante de ameaças e pede solidariedade de todos nessa luta. Por isso, todos devem somar com esta luta dos moradores, fortalecendo essa solidariedade junto àqueles que pensam na coletividade.

Para debater o impacto dessa ação da Prefeitura de Fortaleza, a comunidade está preparando uma audiência pública da Câmara de Vereadores, sob a solicitação do Movimento S.O.S. Conjunto Ceará.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Poema para quem ainda tem coração


O mundo anda pesado,
A mente engasgada,
O ar apertado,
A vida complicada
O coração travado.
E a voz carregada.
Não é verdade?
Então, faça o seguinte:
Saia um pouco,
Converse com outras pessoas...
Caminhe ao ar livre,
Ouça uma canção,
Escreva uma carta
Bilhete ou Cartão,
Conte um sonho bom,
Respire outros ares
Sorria por outros mares
Toque na areia da praia
Olhe para as suas pegadas...
Veja a sombra da raia
E no açoite do vento
Sinta o sentimento
Mude de rotina...
Não é preciso rima
Nem pra arte
Nem pra ser feliz,
Então, visite uma amiga
Veja um vídeo engraçado.
Surpreenda alguém que você goste
Cumprimente o transeunte.
Ou faça algo que surpreenda a você mesmo.
Dê atenção ao seu amor.
Você ainda acredita no amor, não acredita?
Tenho quase certeza que sim.
Esqueça os tempos difíceis
Os dias, as horas...
Só um pouquinho.
E, se permita sonhar com as auroras
Na leveza do pomar...
Na pureza de um carinho...
Se depois deste exercitar,
Você, o coração não destravar,
Pelo menos terá vivido bons momentos.
E quer saber?
Bons momentos leves,
Lindos e sem ressentimentos
É o que mais você merece
Na vida e neste seu coração
Que de tão grande parece mais
Um sol a iluminar livremente
Os caminhos de quem ama
E, sabe fazer isto sem exigir
Recompensa,
Pois deseja,
Registra e pensa
Na roseira,
Lembrando
Da lindeza da flor
Ainda que tema
A missão do espinho.


Meu abraço!


segunda-feira, 16 de setembro de 2019

A culpa é do PT!


Uma das frases que mais ouvi no ano passado foi esta: A culpa é do PT. Só que o PT não está mais no governo e o Lula não é mais presidente e já faz mais de meia década, O problema é esse: Bolsonaro não acredita que ganhou a eleição. Alguém precisa dizer para o Bolsonaro que a eleição acabou. O PT perdeu, o PSL ganhou e quem vai perder ainda mais se não reagir é o trabalhador e a trabalhadora. Perceba, Bolsonaro só ataca os pobres, os índios, os negros, a comunidade LGBT, a agricultura familiar, a mulher...

A elite continua lucrando, os políticos locupletando-se. Senão, por que ele perdoou a dívida do agronegócio? Porque ele ataca a educação pública? Por que a reforma que ele diz que é pra tirar privilégio não resvala no parlamentar que está em atuação? Por que privatizar uma empresa autossustentável como o CORREIO? Por quê? Desafio a qualquer um e qualquer uma a dar uma resposta minimamente convincente e razoavelmente coerente. Veja se tem crise para os banqueiros? Não. Só o BNB lucrou no último semestre 144 milhões e mesmo assim ele quer acabar com os centros culturais... O Bolsonaro ainda serve e muito bem "a alta burguesia da cidade" como canta Renato Russo na saga-canção "Faroeste Caboclo". O Lula também servia. Agora, já não serve mais. 

Aliás, o maior erro do Lula, talvez, tenha sido o de se abraçar com a burguesia em nome da governabilidade. A Luizianne Lins fez isso aqui em Fortaleza. Chegou a apoiar o Cid para derrotar o Tasso... quanta ingenuidade! Isso tudo que está acontecendo deve servir para a gente entender que não se mistura o joio com o trigo, ao contrário, se separa. Em outras palavras, explorados e exploradores nunca se unirão para acabar com a exploração. Nunca! Isso é tão antigo.

Uma coisa é certa, neste governo, pobre, indígena, trabalhadores e trabalhadoras, negros e negras não terão espaço. Por isso eu quero lembrar que a gente combinou de não morrer. Não dá pra falar que deseja o bem da família brasileira e aumentar o tempo de aposentadoria de um pai de família que faz atividade insalubre, de 25 para 35 anos. Da mesma forma que também não dá pra demonizar a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, imputando ao menor a responsabilidade do crescimento da violência, enquanto 180 crianças brasileiras, sofrem por dia, algum tipo de agressão sexual.

Simplesmente não dá! Não dá, não cabe e nem é compreensível. Como também não se compreende como alguém é capaz de pregar em nome de Deus e da Bíblia - que a mulher dever ser submissa ao homem - ainda mais em uma sociedade em que a cada quatro minutos uma mulher brasileira é agredida vítima da cultura da violência produzida por uma sociedade ridiculamente machista.  

Sigamos na luta! O meu mais terno e fraterno carinho cheio de harmonia e amizade sincera acompanhado de um enorme sentimento de gratidão por fazer parte deste projeto tão cheio de boniteza e resistência coletiva chamado “Carcará”...


Meu abraço!

O xadrez da reforma do Polo de Lazer do Conjunto Ceará


Tem mais gente contando a história da reforma do Polo de Lazer


Em meados de 2017 o Governo do Estado anuncia uma reforma do Polo de Lazer, um projeto generalista que faz uso de equipamentos padrões da gestão, como um “cachorródromo” e academias de ginástica, e que foi concebido sem diálogo com seus usuários.

Os grupos que hoje ocupam o Polo procuram a Taramela em busca de materializar através de um desenho seus anseios perante a proposta de reforma que o Estado queria para o local. Apesar de um curto espaço de tempo para a elaboração do projeto, cerca de um mês, foram realizadas discussões com diferentes usuários, artistas, skatistas, comerciantes, taxistas e representantes de moradores. Foram realizadas pelo menos três oficinas para tentar incluir a população o máximo possível na concepção do que seria um contraprojeto, já que o principal era captar as necessidades da população que não estavam contempladas no desenho dos arquitetos do governo. 

Após a consolidação de uma proposta aprovada pelos grupos da sociedade organizada, conseguiu-se que o contraprojeto fosse levado para a discussão na Casa Civil. Os representantes do poder público receberam as maquetes eletrônicas com surpresa e durante três exaustivas reuniões as duas propostas eram defendidas pelos diferentes interesses. Os moradores tomaram a frente nas negociações, estando os técnicos da Taramela preparados para rebater argumentos sobre viabilidade construtiva e vantagens ou desvantagens econômicas e de sustentabilidade socioambiental dos projetos. As demandas dos moradores eram respondidas com ameaças de não realização das obras por causa das reivindicações e a reforma era posta pelo poder público como uma bondade que o Governador queria fazer para o bairro. 

Ao fim do último encontro, em setembro de 2017, sem garantias concretas, foi dito que os pedidos da população seriam atendidos e se iniciaria o processo de licitação das obras. Em 12 de junho de 2018, ano eleitoral, é realizado um grande evento com a presença do governador para a inauguração da reforma do Polo de Lazer. As imagens do projeto foram mostradas de relance em um grande painel, foi informado que todas as demandas populares tinham sido contempladas, mas sem reconhecer o processo de discussão e sem apresentar o projeto em detalhes. A obra da reforma demorou a começar efetivamente e até novembro de 2018 nada foi entregue, ainda caminhando em ritmo lento.

Trecho retirado do artigo acadêmico: 

“Assessoria e Assistência Técnica pelo direito à moradia e à cidade: A contribuição da Taramela para a consolidação de um campo de atuação profissional em Fortaleza, Ceará”, apresentado no XVIII Encontro da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (XVIII ENAPUR) em Natal, Rio Grande do Norte, 2019.

AUTORES:

Lucas Golignac Lessa - Universidade Federal do Ceará (UFC).

Natália Maria Moura Medeiros - Universidade Federal do Ceará (UFC).

Marcela Monteiro dos Santos - Universidade Federal do Ceará (UFC).



  

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Sucessão de Roberto Cláudio custa caro ao Conjunto Ceará


Prefeito gera fake news sobre reforma do Polo para beneficiar seus apoiadores

Fonte: Facebook
O prefeito Roberto Cláudio tem se mostrado avesso ao diálogo racional com os setores organizados do Conjunto Ceará em relação ao desenvolvimento sustentável da comunidade. As intervenções da Prefeitura Municipal de Fortaleza no bairro têm sido conduzidas à revelia de qualquer planejamento estratégico e distante de uma harmonia desejável para com as reivindicações históricas dos movimentos sociais que atuam há décadas no local.

As consequências da postura política autoritária e guiada exclusivamente por interesses eleitorais de representantes da Prefeitura de Fortaleza, tem custado um alto preço ao futuro do Conjunto Ceará. Preocupados apenas em atender aos seus cabos eleitorais e aliados partidários, os representantes da Prefeitura têm causado estragos irreversíveis à cultura e à organização urbanística do bairro. Basta lembrar a mudança do nome da AV. B realizada à revelia da comunidade por iniciativa de um outro apoiador do Prefeito e com sua anuência. Observe-se também a desorganização urbana, a insuficiência na saúde pública, a ocupação indevida de espaços públicos por comerciantes com autorização e/ou omissão da Regional V e dos órgãos de fiscalização da Prefeitura, custando a perda de imensas áreas de uso e convivência comunitária dos moradores.

A atitude oportunista e eleitoreira de representantes da Prefeitura tem gerado situações ridículas e revoltantes, como é o caso da Reforma do Polo de Lazer do bairro. Roberto Cláudio tentou atribuir a conquista da obra a seu apoiador, um político sem nenhuma identificação com a luta histórica de mais de 20 anos travada pelos grupos culturais, coletivos e movimentos sociais que reivindicam a reforma e requalificação do espaço. Nesse caso, as fake news ficam claras e inegáveis diante da incapacidade do apoiador do prefeito de ter qualquer protagonismo ante a crise que paralisa a obra.

Essa postura gera desgaste político para o Governo do Estado que não consegue concluir a obra devido às ingestões eleitoreiras de representantes da Prefeitura, sendo que esta é apenas parceira do Governo estadual e não poderia estar atribuindo paternidade falsa à reforma. Entretanto, o que importa para a comunidade é o diálogo participativo, a inclusão dos empreendedores no projeto com a devida conclusão da Reforma do Polo de Lazer e não as práticas politiqueiras de cabos eleitorais em nome da Prefeitura.

Ultimamente, um dos maiores descasos da Prefeitura foi a transferência da feira de carros usados da Parangaba para o Conjunto Ceará, sem consulta à comunidade e sem estudo sobre os danos sociais e ambientais. A feira foi colocada diretamente em cima de nascentes de água natural de uma área de preservação e de uso institucional (uso não comercial), local que abrigava a última grande reserva de vegetação nativa do Conjunto Ceará.

Uma feira de carros usados que já foi retirada das margens da lagoa da Parangaba por ser nociva ao meio ambiente e ao ordenamento público do local, e por isso, rejeitada por todas as outras comunidades (mais atentas) para onde tentaram levá-la. Se agisse democraticamente e respeitando a comunidade, Roberto Cláudio saberia que historicamente o movimento sociocultural do bairro defende a requalificação dessa área como espaço verde para convivência comunitária, prática de caminhadas e preservação do meio ambiente, com projeto de iluminação, urbanismo e estruturação de um miniparque ecológico para conservar o que resta de vegetação nativa e as nascentes de água natural.

Mas, o prefeito não dialoga e muito menos consegue imaginar que a comunidade tenha intenções tão civilizadas. Ele só quis livrar a Lagoa da Parangaba dos impactos negativos da feira de carros usados e achou que seria uma boa ideia empurrar o problema para o Conjunto Ceará. Afinal, sabia que os seus apoiadores e cabos eleitorais sairiam em defesa dessa irresponsabilidade ambiental, tentando convencer a comunidade de vantagens que, na verdade, se anulam diante dos prejuízos econômicos, culturais, sociais e ambientais.

O resultado da ação antiambiental da Prefeitura se faz sentir nos impactos negativos causados à região. São milhares de metros quadrados de terrenos públicos pertencentes à coletividade, e que estão sendo invadidos por comerciantes de carros usados e outros negócios. Estão se apoderando de graça (“tipo 0800”) de uma das áreas mais valorizadas do bairro, erguendo estruturas de tijolos e metal, soterrando fontes de água, destruindo vegetação nativa. Há também invasores mais antigos que já se encontravam no local que passaram a ampliar as suas invasões e a negociar parte das terras que ocuparam para abrigar os veículos e negócios da feira. Tudo isso feito bem “debaixo do nariz” dos fiscais e gestores públicos da Prefeitura de Fortaleza que fingem que nada de errado está acontecendo e deixam a comunidade indefesa diante da espoliação urbana desenfreada.

Diante de tudo isso cabe se perguntar, e as “lideranças comunitárias”? Várias das referências comunitárias conhecidas, estão abertamente encobrindo e até mesmo defendendo as posturas antidemocráticas e desrespeitosas da Prefeitura para com a comunidade. Algumas dessas pessoas estão, inclusive, tentando se aproveitar eleitoralmente da situação, visando votos ao tentar convencer a todos de que as invasões do espaço público são melhores do que o estado de abandono em que se encontravam. Como se não fosse papel do poder público, justamente, dar um destino social para essas áreas e não permitir a invasão por empresários e comerciantes, até de outros bairros. O discurso do desenvolvimento do comércio local não se sustenta diante do fato de que a maioria dos ocupantes dos citados terrenos levam a maior parte dos lucros para longe do bairro. E se eles e seus clientes compram uma coxinha ou um prato de alimento, ou um pão na padaria da esquina aos nossos comerciantes, o que representa isto em comparação às invasões de terrenos que estão entre os mais valiosos do Conjunto Ceará?

Portanto, é preciso observar, refletir e participar das discussões e mobilizações do S.O.S. Conjunto Ceará para se informar, formar opinião própria e atuar na defesa da comunidade que está sendo espoliada por atitudes autoritárias e politiqueiras de uma gestão que não respeita o cidadão, deixando consequências urbanísticas e ambientais, muitas delas, irreversíveis também para o futuro da cidade. 


quinta-feira, 5 de setembro de 2019

TOLERÂNCIA E RESISTÊNCIA DEMOCRÁTICA


A discussão sobre o cancelamento da palestra “Democracia e tolerância” com o filósofo Manfredo de Oliveira, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), através da diretoria do Colégio de Estudos Avançados (CEA), ganhou dimensões de resistência democrática ao intolerável. 

Parece-nos que o filósofo Manfredo de Oliveira foi vítima da tolerância institucional em nome da “prudência”, provavelmente diante dos intoleráveis do poder, podendo assim ser entendida como “autocensura” (?), ou melhor, conforme o professor Emiliano Aquino, como “censura do outro”, por se tratar de um órgão formal de representação de direitos sociais. 

Sendo assim, a tolerância formal do órgão com os intoleráveis pares recém-chegados ao poder afetou a democracia no espaço público, no dizer de Hannah Arendt (2010), mas não necessariamente, conseguiu impedir o espaço da resistência democrática na luta pela liberdade, uma vez que a mesma conferência poderia acontecer noutro lugar, como de fato aconteceu e ainda os com novos ingredientes políticos, e continua acontecendo com mais fervor e interesse social nos espaços acadêmicos.

Entretanto, institucionalmente, o órgão público cedeu ao estilo autoritário em nome da “prudência” com os intoleráveis, os algozes da democracia em seus discursos e práticas, tudo isto, visando evitar conflitos que já estavam estabelecidos. Portanto, o direito democrático de resistir se tornou oficial diante da intolerância formal do órgão em relação ao direito político da participação, ou de dialogar sobre o diferente, ou de se manifestar livremente sobre o momento político do país. 

A nova dimensão da tolerância não deve ser a cumplicidade e acomodação com o autoritarismo, mas a resistência democrática aos intoleráveis do poder político.



Nesse sentido,  divulgamos a palestra "Democracia e tolerância"  do professor Dr. Manfredo de Oliveira, que acontecerá no próximo dia 27/09/2019 às 19h no Colégio Santa Tereza, na cidade do Crato-CE, sob a responsabilidade do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Filosofia e Educação (NUPEFE), em parceria com o Curso de Licenciatura e Bacharelado em Filosofia da Universidade Federal do Cariri (UFCA).

Realização:
NÚCLEO DE ESTUDO E PESQUISA EM FILOSOFIA E EDUCAÇÃO.
CURSO DE LICENCIATURA E BACHARELADO EM FILOSOFIA (UFCA).

Referências:
ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo: revisão técnica: Adriano Correia. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

DESTRUIÇÃO DE ESPAÇO AGROECOLÓGICO EM ITAPIPOCA


Fonte:
Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador - CETRA

URGENTE: INVASÃO NO CONJUNTO CEARÁ

Ocorre neste momento (04/09) uma invasão no Bairro Conjunto Ceará, exatamente no entorno do Centro Cultural Patativa do Assaré, conforme denúncias da comunidade. O local invadido havia sido destinado provisoriamente pelo Governo do Estado e Regional V para a realocação dos empreendedores do polo de Lazer do Conjunto Ceará. A área está sendo invadida por comerciantes que estão construindo estruturas de tijolos, implantando trailers fixos e até um container enorme. Nenhum órgão de fiscalização atende aos pedidos da comunidade para impedir a invasão. O terreno pertence a COHAB-CE sob gestão da Secretaria do Planejamento e Gestão - SEPLAG, órgão do Governo do Estado do Ceará, juntamente com a fiscalização e responsabilidade da Prefeitura de Fortaleza.


EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS


terça-feira, 3 de setembro de 2019

CAMPANHA "FICA CENTRO CULTURAL BNB"

O Centro Cultural Banco do Nordeste faz a diferença na vida de centenas de milhares de pessoas, desde sua fundação em Fortaleza, em julho de 1998. Depois vieram as unidades do Cariri e de Sousa-PB, igualmente fundamentais ao desenvolvimento econômico, social e cultural dessas regiões. 



São equipamentos públicos que oferecem acesso gratuito a cursos, oficinas, exposições de artes visuais e fotografia, espetáculos de dança e teatro, shows, roteiros históricos guiados, entrevistas abertas, bibliotecas, além de um precioso espaço de diálogo e intercâmbio cultural. Tudo acessível mesmo aos mais carentes, com transporte público na porta e entrada franca em todas as atividades.

No último dia 24/6, a população foi pega de surpresa com o anúncio do cancelamento da programação das três unidades do CCBNB. Até espetáculos que já estavam marcados foram cancelados, em um grande desrespeito aos artistas e ao público. Já houve demissão e dispensa de trabalhadores. E o receio é que o CCBNB seja fechado em definitivo, gerando perdas de emprego e renda para toda a cadeia econômica da cultura, além de inestimáveis prejuízos artísticos, culturais, sociais.

Se você se importa com a política cultural, se você é contra o desrespeito a artistas e público, se você é a favor do acesso popular à cultura e à arte, participe da campanha #ficaCCBNB

Assine esta petição online, para que a presidência do Banco do Nordeste reveja imediatamente o cancelamento da programação, assegure o retorno das atividades culturais e dê garantias de que as três unidades do CCBNB permanecerão abertas e funcionando plenamente.

Converse com seus amigos e familiares. Participe das manifestações. Defender o CCBNB é defender cultura, arte, empregos, desenvolvimento, qualidade de vida.

Fonte: #ficaCCBNB

Petição online:
https://secure.avaaz.org/po/community_petitions/Presid_ficaCCBNB_Contra_o_fechamento_dos_Centros_Culturais_Banco_do_Nordeste_CCBNB/