quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Prefeitura provoca invasões de terrenos públicos na periferia


Ao transferir a feira de carros velhos da Parangaba para o polo de lazer, a Prefeitura de Fortaleza liberou os comerciantes para se apoderarem dos terrenos públicos nas imediações do Centro de Saúde Maciel de Brito. Esta medida autocrática, sem consulta à comunidade, causou uma corrida pela “grilagem” dos valiosos espaços localizados “no coração” do Conjunto Ceará.

Foto: Joatan Freitas
As invasões ocorrem nas imediações do Centro de Saúde Maciel de Brito, ao lado do Centro Cultural Patativa do Assaré, através da instalação de contêiner e trailers, e até um muro por parte de uma igreja evangélica. Os invasores se apoderam do terreno em que o governo está anunciando a construção de um cachorródromo. De fato, algumas pessoas que já haviam ocupado irregularmente os terrenos públicos naquela região passaram a aumentar as áreas invadidas, inclusive, negociando esses espaços com os comerciantes de carros recém-chegados.

São grandes construções de alvenaria sendo levantadas dentro de uma área verde, em cima do polo de lazer e se estendendo por todo o território. E muitas outras invasões, numa espécie de “liberou geral” que acontece sob a total omissão dos órgãos de fiscalização da Prefeitura.

Os terrenos do polo de lazer estão submetidos ao que parece ser um enorme self service gratuito, onde quem tiver “cara de pau” se apropria dos melhores lugares e se instala ou negocia (um terreno naquela região não custa menos de 500 mil reais e alguns pontos comerciais podem passar de um milhão de reais. Após a reforma esses terrenos terão um valor maior).

Diante dessa calamidade, o que fazem os órgãos de fiscalização? Qual a responsabilidade da Regional V? E a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) que está acostumada a fechar os bares do polo, apreender os equipamentos dos empreendedores e “tocar o terror” no Conjunto Ceará? Todos ausentes, omissos, recuados diante do caos provocado pelos interesses políticos e comerciais que aprovaram a feira de carros da Parangaba no polo de lazer.

E os políticos “caçadores de votos” que se acham donos do Conjunto Ceará? Todos calados! Eles e seus “cabos eleitorais” fecham os olhos para tudo isso ou buscam somente tirar proveito eleitoral da reforma do polo em que Governo do Estado e Prefeitura já estão trabalhando nas soluções. Afinal, eles querem dizer que “trouxeram” a reforma, na ilusão de render alguns votos no bairro.

Mas, para as invasões dos terrenos públicos no mesmo polo, esses políticos não denunciam a irresponsabilidade da prefeitura, porque isso poderia atrapalhar a sucessão do prefeito Roberto Cláudio. Alguns desses políticos e seus “cabos eleitorais” estão defendendo a atitude da prefeitura nas redes sociais, fingindo que tudo isso é um ganho econômico para o bairro, falando em empregos que não existem e em desenvolvimento que só acontece na mente deles.

Por trás dos discursos enganadores certamente se escondem interesses inconfessáveis, como tentar ganhar votos em cima de todas essas irregularidades agradando aos invasores e ao prefeito que transferiu autoritariamente a feira de carros da Parangaba para o Conjunto Ceará e depois virou as costas para as consequências dessa irresponsabilidade.

No entanto, 2020 vem aí! As eleições municipais mobilizarão os políticos locais e o próprio prefeito Roberto Cláudio que deverá percorrer novamente as ruas do bairro pedindo votos. Então, será a oportunidade de uma resposta adequada, um sonoro “não” para esses “caça-votos” e para a gestão mais irresponsável que o Conjunto Ceará já viu em mais de quarenta anos de existência.

Foto: Google
Propostas para discussão de uma solução:

Organizar um Planejamento Estratégico para o desenvolvimento sustentável local;

Exigir a imediata fiscalização pública para barrar as invasões dos terrenos;

Remoção das invasões, contêineres e trailers da área;

Transferência da feira de carros para um local central e comercial adequado;

Planejamento das ações no polo para assegurar a requalificação pós-reforma.

"Só a luta muda a vida".


Prof. Joatan Freitas
Movimento S.O.S. Conjunto Ceará


sábado, 23 de novembro de 2019

O Conjunto Ceará não tem “dono”: lutas e vitórias são coletivas!

“Cabos eleitorais” procuram se apropriar das lutas pela reforma do polo de lazer.


A reforma do Polo de Lazer do Conjunto Ceará está sendo negociada entre a comunidade, a Prefeitura e o Governo do Estado, visando uma solução adequada para todas as partes com a retomada urgente da obra. Vê-se no horizonte possibilidades concretas!

Esta é a luta incessante de organizações como o Movimento S.O.S. Conjunto Ceará, o Território Criativo, a Associação de Empreendedores, o Centro Cultural Patativa do Assaré e a Governança do Polo de Lazer, entre outros tantos apoiadores e coletivos.

Entretanto, quando se conseguem as primeiras vitórias, começam a aparecer os "donos" para as lutas da comunidade. Nesse sentido, o Movimento S.O.S. Conjunto Ceará lamenta a tentativa de uso político oportunista por parte de alguns “cabos eleitorais” que tentam se apropriar das conquistas coletivas.

Tentar se apoderar de uma luta que congrega dezenas de coletivos, movimentos sociais, entidades e pessoas que se dedicam voluntariamente a participar de inúmeras reuniões com o poder público é uma atitude desrespeitosa para com todos os que têm se esforçado para resolver os impasses e defender os interesses comunitários.

Os avanços e conquistas dessa luta são produtos de um esforço coletivo de várias entidades, grupos sociais e culturais que atuam no polo de lazer, não de um grupo político ou de qualquer parlamentar de forma individualista. Esta é uma “prática eleitoreira” comum dos oportunistas e que não nos é estranha, mas que consideramos uma atitude grosseira e desrespeitosa.

Basta uma pequena consulta na internet e qualquer morador poderá constatar que enquanto os movimentos e coletivos estão reclamando da demora da obra, cobrando soluções e lutando pela reforma, os políticos seguem calados, coniventes e omissos diante do atraso. Só aparecem quando a comunidade está próxima de encontrar uma solução, pois querem se apoderar de forma exclusiva das conquistas da comunidade.

Desafio: encontrem os cabos eleitorais e seus políticos nessas matérias onde se defende a reforma e se denuncia o abandono do poder público. Vejam alguns links:







Por fim, cabe à comunidade ficar atenta a estas atitudes para saber dar a resposta adequada nas próximas eleições.


Movimento S.O.S. Conjunto Ceará

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Comunidade cobra do governo uma solução para a reforma do Polo de Lazer do Conjunto Ceará



Em reunião nesta terça-feira, 19 de novembro, no Palácio da Abolição, entre o secretário-chefe de Gabinete do Governo do Estado do Ceará, Élcio Batista e integrantes do Movimento S.O.S Conjunto Ceará, Associação dos Empreendedores do Polo de Lazer, Governança do Polo de Lazer e Coletivo Território Criativo, Governo e comunidade voltaram a dialogar na busca por uma solução definitiva para as questões que estão atrasando a obra de reforma e requalificação da praça principal do Conjunto Ceará.

Os representantes reclamaram da falta de definição por parte do Governo e cobraram uma resolução. As instituições presentes ressaltaram que os empreendedores acumulam prejuízos e que as condições do polo pioraram, principalmente depois que a construtora quebrou todo o lugar e não concluiu a obra, deixando o espaço que já tinha uma série de problemas estruturais, ainda mais degradado.

O Movimento quis saber por que Prefeitura e Governo do Estado não conseguem realocar os empreendedores do polo em outro local para que eles possam continuar trabalhando durante a execução da reforma. Considerando, por outro lado, que a Prefeitura não apresentou nenhuma dificuldade para transferir e realocar os empresários da feira da Parangaba para dentro do polo de lazer com toda a estrutura necessária, adequação do espaço, iluminação e terrenos públicos valiosos, entregues gratuitamente para esses comerciantes, em sua maioria de fora do Conjunto Ceará.

A comunidade questiona a falta de informações sobre a obra, pois não conhece o projeto final, não sabe o tamanho dos quiosques e nem quantos serão construídos, ou mesmo se, e como foram acolhidas as adequações propostas pela comunidade ao projeto inicial apresentado pelo Governo.

A ausência de um representante oficial do governo no local da obra para prestar esclarecimentos e informar à população sobre o andamento dos trabalhos, além de tirar as dúvidas dos empreendedores e da comunidade, foi apontado como um fator que gera insegurança, confusão de informações, e abre espaço para oportunismos e interesses eleitorais que prejudicam o andamento da reforma e desagregam empreendedores e comunidade.

Além disso, a comunidade reclamou da falta de entendimento entre Governo e Prefeitura que não conseguem entrar em acordo para cadastrar os empreendedores, definir outro local para eles ficarem enquanto reformam o polo, emitir um documento garantindo o retorno de todos eles para o Polo após a reforma, e retomar a obra.

Avanços e resoluções


O governo indicou um novo interlocutor que deverá acompanhar de perto e interagir com a comunidade representando oficialmente o poder público;

Governo e Prefeitura terão novas reuniões conjuntas, começando ainda nesta semana, para tentarem se organizar para responder às demandas da comunidade e retomar a obra;

Foi criado um grupo de trabalho entre Governo e comunidade para buscar a solução dos problemas, mediar conflitos e tentar acelerar a reforma do polo de lazer;

A comunidade permanecerá mobilizada e buscará avançar em outras áreas importantes para o futuro do Polo de Lazer como a discussão sobre as políticas públicas que serão adotadas no pós-reforma. 

Entre elas, ações governamentais de apoio às juventudes; segurança pública e direito dos jovens à cidade e aos espaços públicos; apoio aos coletivos e grupos culturais e aos artistas locais; qualificação, crédito e apoio aos empreendedores do polo de lazer e entorno; organização de calendário de eventos e apoio do poder público a essas atividades; o reordenamento urbano do território; e a organização e governança do novo Polo reformado.


Prof. Joatan Freitas
Território Criativo

sábado, 9 de novembro de 2019

Conjunto Ceará: caos e abandono na reforma do polo de lazer

Desrespeito e irresponsabilidade são as duas palavras mais adequadas para definir a postura do Governo do Estado e da Prefeitura de Fortaleza em relação ao Conjunto Ceará. Infelizmente, no tocante à saúde pública, ao ordenamento urbano e às obras do polo de lazer, esses governos parecem ter feito um pacto de agressão contra a comunidade. Entretanto, além da luta comunitária cotidiana, o ano de 2020 vem aí como mais uma oportunidade de acertar as contas com tanto descaso e irresponsabilidade com o bairro.

Em tempos recentes, num palanque comemorativo no centro do Conjunto Ceará, o Governador Camilo Santana e o Prefeito Roberto Cláudio prometeram a reforma e requalificação do polo de lazer do bairro. E lá se vai mais de um ano com o polo todo quebrado e a obra abandonada, sem falar que os gestores e “seus representantes” não viabilizaram a obra, e ainda atrapalham a vida de dezenas de comerciantes, frequentadores do polo e o próprio desenvolvimento cultural e econômico do bairro. Mas não para por aí. Até agora, a parceria Prefeitura/Governo do Estado foi incapaz de realocar os trabalhadores e empreendedores do polo de lazer para acelerar a reforma do espaço.

Por outro lado, a prefeitura complicou o processo de reforma do polo ao transferir a feira de carros usados da Parangaba para dentro de uma área de preservação ambiental (última grande área verde do Conjunto Ceará), inclusive, sem aviso e sem nenhuma consulta à comunidade. A própria prefeitura gerou infraestrutura, iluminação e permissão para os vendedores invadirem e se apoderarem gratuitamente dos terrenos mais valiosos. Essa decisão permitiu que obras irregulares fossem construídas em cima de fontes de água, devastando a vegetação nativa e ampliando a invasão para vastas áreas do polo de lazer.

O sistema de saúde também sofreu devastadores ataques no bairro quando a prefeitura fechou o Setor de Zoonose do Posto Maciel de Brito e interrompeu os atendimentos na área pediátrica do hospital Nossa Senhora da Conceição na 4ª etapa.

O ordenamento urbano do Conjunto Ceará está um caos, as ocupações dos terrenos públicos, canteiros das avenidas e demais espaços coletivos por comerciantes e particulares que se aproveitam da omissão da prefeitura segue a pleno vapor. Até o entorno do Centro Cultural Patativa do Assaré (área que pertence à COHAB, portanto, sob a guarda e responsabilidade do governo do Estado) está sendo invadido por pessoas que – comenta-se no bairro - contam com anuência de políticos ligados à gestão municipal.

Em ano pré-eleitoral, aparentemente, os terrenos e espaços públicos da comunidade estão virando “moeda de troca” nas mãos de políticos e cabos eleitorais. De fato, é uma cena revoltante para uma comunidade tão importante e com um passado de lutas reconhecido. Enquanto isso, referências comunitárias e políticos que caçam votos no bairro em todas as eleições, ou estão juntos com os invasores se aproveitando também, ou estão calados para não perderem vantagens na prefeitura.

Depois que se espalhou por essa comunidade o “feitiço” do chamado “vereador de bairro”, alguns políticos locais só pensam em se alinhar com os poderes públicos na esperança de obter apoio para se tornar, ou se manter vereador. Desde que se elegeu o primeiro político, vimos a defesa da comunidade diminuir e os interesses eleitorais substituírem as demandas históricas e coletivas do Conjunto Ceará. Esses são tempos de reflexão, de pensarmos o que podemos fazer para retomar a tradição de lutas coletivas da comunidade.

Governo do Estado e Prefeitura de Fortaleza terão que prestar contas sobre o abandono da reforma do polo de lazer, a invasão dos terrenos e áreas verdes por particulares e vendedores de carros usados da Parangaba, o fechamento da Zoonose do Posto Maciel de Brito e da área pediátrica do Hospital Nossa Senhora da Conceição. Mas, não só os governos estão em débito, também os políticos e cabos eleitorais terão que se explicar sobre a traição aos interesses coletivos do Conjunto Ceará.

Em 2020, teremos a chance democrática de cobrar tudo isto e mostrar que nós cidadãos não somos “marionetes ou bobos” para sermos enganados pelas artimanhas e falsas promessas.

“Só a luta muda a vida!”

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Monólogo: Belchior


"Como vão as coisas?

Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte
Porque apesar de muito moço me sinto são e salvo e forte
E tenho comigo pensado Deus é brasileiro e anda do meu lado
E assim já não posso sofrer no ano passado
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro

Como Poe, poeta louco americano, eu pergunto o que se faz?

Em mim, desse canto daqui – lugar comum –
como no assum, azul de preto,
o canto é que faz cantar.
Cresce e aparece em minha vida e eu me renovo
no canto – o pio do povo. 
Pio. É preciso piar.

O que é que pode fazer o homem comum
Neste presente instante?

Tenho ouvido muitos discos, 
conversado com pessoas, caminhado meu caminho
Papo, som dentro da noite e não tenho um amigo sequer
E não acredite nisso, não, tudo muda e com toda razão

O que é que pode fazer a juventude?

O que transforma o velho no novo
bendito fruto do povo será.
E a única forma que pode ser norma
é nenhuma regra ter;
é nunca fazer nada que o mestre mandar.
Sempre desobedecer.
Nunca reverenciar.

E um simples cantador das coisas do porão?

Você não sente nem vê 
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo 
Que uma nova mudança em breve vai acontecer 
E o que há algum tempo era jovem novo 
Hoje é antigo, e precisamos todos rejuvenescer

Qual é o preço de um homem?

No escritório em que eu trabalho e fico rico
Quanto mais eu multiplico diminui o meu amor

E eu? Pago quanto para ser feliz

Nada, nada
Nada,absolutamente nada. 
E o aguapé, lá na lagoa
Sobre a água nada
E deixa a borda da canoa
Perfumada
É a chaminé à toa
De uma fábrica, montada
Sob a água, que fabrica
Este ar puro da alvorada.

E a glória? 
E a honra de seres humanos 
que Deus criou
E pôs um pouquinho 
só abaixo de seus anjos?

Não me peça que lhe faça uma canção como se deve
Correta, branca, suave, muito limpa, muito leve
Sons, palavras, são navalhas e eu não posso cantar como convém 
Sem querer ferir ninguém

Para que levar a vida assim tão a sério?

São mil milhões de habitantes deste parque industrial
Negros, mulheres, menores, filhos da crise geral
Iguais pela mesma bomba que vai cair no quintal 
Ídolo e Deus dos esgotos a musa urbana me fez. 
Meu sucesso é saber disso e bater tudo pra vocês.

Assaltantes, abandonados
bêbados, índios, nordestinos
retirantes, prostitutas, pivetes
Punks, pobres, suicidas, solitários
De onde eles vêm?

Aqui – Nordeste! – um país de esquecidos,
Humilhados, 
ofendidos
e sem direito ao porvir.
Aqui – Nordeste! – Sul América do sono...
no reino do abandono
não há lugar pra onde ir.

Quem viu, na vida, novidade em estar vivo?

Noite é vida e vida é jogo e jogo é sorte e sorte
é vária; coisa muito complicada: o amigo tem ou não tem.

Medo, Medo, Medo, o que acontecerá?

Tudo poderia ter mudado, sim,
pelo trabalho que fizemos - tu e eu.
Mas o dinheiro é cruel
e um vento forte levou os amigos
para longe das conversas, dos cafés e dos abrigos,
e nossa esperança de jovens não aconteceu, não, não.

Onde anda o tipo afoito 
Que em 1-9-6-8
Queria tomar o poder?

Você fica perdendo o sono, 
pretendendo ser o dono das palavras, 
ser a voz do que é novo; 
e a vida, sempre nova, 
acontecendo de surpresa, 
caindo como pedra sobre o povo.

Esses senhores se sentam à mesa
Decidem por nós… Negociações…
Estúpidos e idiotas da política!
Dólares, tanques e mísseis
Meu coração tropical não agüenta
E o Cruzeiro do Sul, que não nos orienta?

É! meus amigos,
Um novo momento precisa chegar.
Eu sei que é difícil começar tudo de novo,
Mas eu quero tentar.

Onde os puros saberes?
Onde a fúria de seres humanos
Contra a ira dos deuses?

Trogloditas, traficantes, neonazistas, 
farsantes: barbárie, devastação.
O rinoceronte é mais decente 
do que essa gente demente 
do Ocidente tão cristão.

E então? Vencemos o crime?

Eles venceram e o sinal está fechado 
pra nós que somos jovens...

Ah! Donde estona Los estudantes? 
Os rapazes latinos -americanos? 
Os aventureiros, os anarquistas, 
os artistas? Os sem destinos, 
os renegados, os sonhadores? 
Esperávamos os alquimistas, 
e La vem chegando os bárbaros, 
os arrivistas, os consumistas, 
os mercadores minas, 
homens não há mais?

Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo
Tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmo e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais.

E no planeta juventude haverá vida inteligente?

Enquanto esses dementes tomam por amantes 
bombas e usinas eu canto, eu danço, eu fumo, 
eu bebo, eu como, eu gozo com essas meninas 
E se você vier com essa: que sou ingênuo,
artista louco; digo: eu concordo. 
Eu pinto, eu bordo, eu vivo muito 
e ainda acho pouco. 
Por isso é sempre novo afirmar: 
Não faça a guerra. Faça o amor... 
E viva a vida e seus instintos no poder da flor.

Entre o céu e a terra não há mais nada 
que sex, drugs and rock`n`roll?

Cai na estrada tirana: (A juventude é um dom!) 
Garotas, sonhos, mil transas, Como dar bandeira é bom! 
Olhando a cidade grande Cheia de fúria e de som; 
Querendo ser uma estrela De sexo, laser e neon... 
Cidade grande é uma droga Mas o rock dá o tom

E o fim como pode acontecer?

Quero desejar, antes do fim, pra mim 
e os meus amigos, muito amor e tudo mais; 
que fiquem sempre jovens 
e tenham as mãos limpas 
e aprendam o delírio com coisas reais. 
Não tome cuidado. 
Não tome cuidado comigo: 
o canto foi aprovado 
e Deus é seu amigo. 
Não tome cuidado. 
Não tome cuidado comigo, 
que eu não sou perigoso: - 
Viver é que é o grande perigo

Quanto suicídio, garotos no esgoto...
São ratos? São homens suaves e a noite? 
Seremos vencidos?

Não cante vitória muito cedo, não. 
Nem leve flores para a cova do inimigo, 
que as lágrimas do jovem são fortes 
como um segredo: 
podem fazer renascer um mal antigo.

E a honra dos seres humanos que Deus 
criou pôs um pouquinho só abaixo dos seus anjos?

Esses senhores não querem nada 
não querem perder tempo 
com essa porcaria que se chama gente.

Poema, o que é um poema?

Eu não estou interessado em nenhuma teoria,
Nem nessas coisas do oriente, romances astrais
A minha alucinação é suportar o dia-a-dia,
E meu delírio é a experiência com coisas reais 
Longe o profeta do terror 
que a laranja mecânica anuncia 
amar, amar e mudas as coisas me interessa mais."