A metáfora de Guedes
Antes de começar esta
metáfora peço ao leitor que permita-me fazer a seguinte ressalva a respeito desta figura de
linguagem, que, talvez, o faça relembrar Belchior: não se preocupe servidor
com isso que eu lhes digo, porque, eu sou apenas mais um parasita neste
imenso filo em que se transformou a pátria amada ou seria “Pátria armada” ? Ademais,
como reza o ciclo evolutivo de um endoparasita: anopluro que parasita anopluro
tem só quatro anos de hospedeiro. Vamos à figura de linguagem.
A capacidade de alguns
governantes de compararem os servidores com animais se supera e se renova a
cada governo. Não faz muito tempo que os servidores de Fortaleza foram chamados
de ratos por um secretário que tinha superpoderes na pasta da educação,
curiosamente, o atual ministro da economia, que também tem o título de super,
comparou o funcionalismo público a parasita. Será um carma da terminologia super
ou será uma infeliz coincidência? De uma forma ou de outra, este texto vai se
deter apenas ao comparativo do super ministro, haja vista que a primeira
comparação parece ter caído no imenso abismo do esquecimento.
“O cara vira um parasita”
e o que é um parasita? De acordo com a biologia geral, um parasita é uma
associação de organismos que de um modo geral não mata o hospedeiro. Segundo os
estudiosos da parasitologia, existem dois tipos: endoparasita e ectoparasita. Em qual você se enquadra?
Independente, da sua preferência, saiba que no primeiro, o parasitismo ocorre
fora do corpo do hospedeiro e no segundo, o parasita ataca o ser vivo parasitando-o
internamente.
A partir deste superficial conceito, já se percebe um furo na fatídica
metáfora de Guedes. Por quê? Pelo simples fato de que se os servidores públicos
brasileiros fossem realmente parasitas, eles seriam unidos e pertenceriam há
uma única associação, ainda que tivessem liberdade de si organizarem com
organismos que defendessem pautas menos abrangentes e mais específicas do setor
que atuam, ou deveria dizer parasitam? Fato
que não acontece, prova disso são as inúmeras centrais sindicais espalhadas
pelo Brasil a fora, algumas delas, inclusive, com interação direta com o
governo, ou seria hospedeiro?
Todavia, a minha
esperança começa a ressuscitar, sobretudo, quando Guedes diz que o “hospedeiro
está morrendo”, digo isto, porque é sabido que existe um modo de parasitismo conhecido
por parasitoidismo, em que o parasita mata quem o hospeda. Diante disto, e, pontuando
que o servidor brasileiro virou um parasita que está matando o hospedeiro, que
por sua vez, é o próprio governo do Brasil, temos aqui, de acordo com o atual
ministro da economia, um exemplo raro de parasitoidismo social. E, neste caso, a
expectativa de ser um parasita que elimina o hospedeiro não é abstrata, pelo
menos não para o povo, e, se assim for, os dias deste hospedeiro patronal estarão
contados.
Por outro lado, e colocando
em evidência os aplausos que o ministro recebeu por um auditório lotado de
senhores de família tementes a deus, tal
metáfora, no que pese a apatia sob a
qual se abateu por sobre a classe que vive do trabalho, por sobre os
integrantes dos movimentos paredistas e por sobre os intelectuais desta nação,
acredito, que o que se tem é um triste
caso de parasitismo reverso e bastante comum nos governos que se elegem
prometendo muito para os que não tem quase nada, mas na prática, terminam por governar fazendo tudo
para quem já tem mais do que usufrui e muito menos do que necessita.
(Augusto César Tavares – Um
rato metido a parasita./ Nertan Maia-Silva - autor da imagem/ extraídadehttps://www.facebook.com/photo.phpfbid=2976602699019621&set=a.525967800749802&type=3&theater)
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