O encontro de tática eleitoral do partido dos trabalhadores (PT) lançou o professor Joatan Freitas a vereador de Fortaleza em uma chapa com grandes nomes do movimento social e político da capital. Nesse vídeo, mostramos fotos de alguns momentos da trajetória de vida desse intelectual que agora entra também para o cenário político-eleitoral. Dias de luta por dias melhores, sempre!
segunda-feira, 13 de julho de 2020
quinta-feira, 2 de julho de 2020
terça-feira, 23 de junho de 2020
FRAGMENTOS DE MEMÓRIA RECENTE
Este fragmento autobiográfico estabelece um diálogo entre memória e experiência
educacional no Brasil da Ditadura Militar. São marcas do cotidiano de uma experiência pessoal, num passado recente, dentro de um processo político
autoritário com efeitos sobre os indivíduos, o processo educacional e a
sociedade.*
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Todo começo é um fantasma a
nos apavorar antes de chegar ao fim do percurso. Sinto-me assim, e por isso,
recordo a famosa pergunta feita a Amundsen no romance filosófico O Mundo de
Sofia: “Quem é você?” (GAARDEN: 1965, p. 14). Não sei ainda, mas poeticamente,
sou um ser humano em desconstrução. Dito isto, para espantar os temores deste
início, publico que nasci em pleno alvorecer do “submundo” dos Atos
Institucionais da Ditadura Militar no Brasil. Mas, segundo os documentos
oficiais, nasci em
Baturité-Ceará, em 04 de julho de 1965 às 3h25. Para mim, dia sugestivo de
constrangimento só por lembrar a famosa data dos Estados Unidos (EUA),
num quase autoexplicativo “antiamericanismo”, interpretado à época como sinônimo
de anti-imperialismo que me influenciou durante a juventude e penso que afetou
boa parte dos jovens que sonhavam mudar o Brasil e o mundo.
Neste período
singular da história brasileira, não pude vivenciar conscientemente as mudanças
políticas que afetavam o país, mas somente sofrer inconscientemente seus
efeitos via os transtornos psicológicos dos próprios pais. Hoje, melhor situado
historicamente, reflito com Vicentini e Lugli, quando afirmam: “Não se pode
deixar de mencionar os efeitos da ditadura militar (1964-1985) sobre a
docência” (VICENTINI, LUGLI: 2009, p. 222). Concordo, mas imagino que os
efeitos políticos foram catastróficos para além da educação formal, se estendendo
à vida da maioria dos brasileiros.
Quanto à
família, vivíamos em situação de pobreza em Baturité, no interior do estado do
Ceará, sem perspectiva de lazer ou cultura “refinada”. Meus pais eram
diametralmente opostos do ponto de vista sociocultural.
Minha mãe, filha
de camponeses, morava numa localidade próxima ao sítio Olho D’água onde se
localiza o Mosteiro dos Jesuítas. Era uma mulher que lutava pelos estudos para
superar a “dureza” da vida do campo, um caso de sucesso raríssimo na história da
família de origem simples. Tornou-se professora de matemática e ensino
religioso. Anos depois, morando em Fortaleza, separada do marido e com cinco
filhos passando necessidade, foi afetada por problemas psicológicos,
provavelmente causados pela tragédia social da vida, sendo internada como
“louca” nos hospícios da capital. Entretanto, segundo relatos familiares, um fato
inusitado ocorreu quando ela solicitou ao médico psiquiatra uma permissão especial
para concorrer ao vestibular, sendo que os médicos se espantaram com o insólito
pedido e lhe deram alta depois de três dias. Posteriormente, foi aprovada no
vestibular da antiga Faculdade de Filosofia de Fortaleza (FAFIFOR), provocando
uma surpresa geral entre os amigos e familiares. Obteve assim, o título de graduação em
Filosofia. Mas falar sobre a vida dela seria escrever um livro, o que não é o
caso agora.
Meu pai, filho
de comerciante de uma loja no centro desta pequena cidade interiorana, vivia
como se fizesse parte da “nobreza”, mas sem propriedade e sem títulos. Politicamente
se inseria no contexto de uma fraca oposição aos militares, participando do
Movimento Democrático Brasileiro – MDB. Estudou pouco e não concluiu o ensino
ginasial. Quando se mudou para a Capital, transformou-se em comerciante
ambulante no centro da cidade de Fortaleza onde fundou a Associação dos
Profissionais do Comércio de Vendedores Ambulantes do Estado do Ceará
(APROVACE), implantando o famoso “Beco da Poeira” a partir de um processo de
revitalização do centro de Fortaleza na gestão Maria Luiza. Em 1991, o “Beco”
se transformou em Centro Comercial de Pequenos Negócios na gestão Juracy
Magalhães.
Este brevíssimo
relato sobre a família contextualiza socialmente o quadro em que se desenvolveu
a minha vida e como fui inserido nos estudos formais. De fato, comecei a
frequentar o chamado “Grupo Escolar” por volta dos cinco ou seis anos, no
início da década de 70, ainda em Baturité-Ce. Naquela época, em pleno “jardim
escolar”, pouco entendia o que estava fazendo naquele lugar, muito menos sobre
política ou sobre a minha própria existência. O fato marcante foi o “lanche”,
na hora do intervalo – tipo “bananada” – que me entregavam pelo portão dos
fundos da escola, já que morava próximo. Assim, sobre os primeiros anos da
experiência escolar, não recordo de mais nada.
Na capital, por
volta de 1975, iniciei o ensino fundamental na Escola Anízio Teixeira, no
bairro Pan-americano. Mas, antes de ser aceito, sobrevivi à primeira rejeição
na educação formal, tendo que retornar somente após um reforço na alfabetização.
Lembro-me de certo “leite róseo” servido na “merenda escolar” em que o aluno
levava o próprio vasilhame. Do espaço escolar, recordo-me das brigas com outros
colegas e das filas para cantar o hino nacional antes do início da aula.
A família
buscava novas oportunidades na vida, mas a separação dos pais ocorreu em
situação de miséria quase absoluta. Neste contexto, deslumbro a música “Quando
será?” de Zé Rodrix, quando ele diz: “eu não sabia dos problemas que a família
tinha, morando apertada num barraco na beira da linha”. Assim, após todos os
entes retornarem de um período na casa de familiares, restou-nos morar em uma
casa de taipa na favela à beira do trilho no bairro Couto Fernandes.
Decerto, algumas
lembranças involuntárias me fazem pensar na existência de uma “memória
olfativa”, senão no sentido de “pulsão olfativa” de Freud, mas no sentido de
sensibilidade que aflora na memória ao recordar um cheiro específico do espaço
da favela. Talvez, haja uma relação entre um determinado cheiro de fumaça que
vinha do outro lado da linha com as lembranças dos momentos ímpares da minha
adolescência. No universo das memórias, a vida era abrilhantada pela inocência
e pela trilha sonora de Genival Santos. E, em família, juntavam-se as crianças
da comunidade na sala apertada e diante do aparelho de televisão em “preto e
branco”, assistíamos todos maravilhados aos jogos da seleção brasileira da Copa
do Mundo de 1978.
Não havia “crise
de consciência” nem tempo para reclamar, pois enquanto eu aprendia a
sociabilidade juvenil nas ruas da favela do trilho na cidade alencarina, o país
explodia em greves de trabalhadores no ABC paulista. No campo da educação, mais
especificamente, insurgia a greve dos professores de São Paulo avançando na
discussão sobre a profissionalização da educação. “Já nas greves
de 1978 e de 1979, os professores – apesar da ditadura militar – se
apresentaram como trabalhadores em educação e se referiam ao estado como
patrão, opondo à pretensa neutralidade política das associações representativas
da categoria.” (VICENTINI, LUGLI: 2009, p. 190).
Aqui no Ceará,
como um pré-adolescente, obviamente não passava por mim qualquer reflexão sobre
o processo educativo e as lutas sociais, pois continuava seguindo o script da
“matrix” do ensino ginasial na Escola Joaquim Alves e depois na Escola
Antonieta Siqueira, no bairro Pici. Das lembranças, posso citar o caso das
aulas de técnicas comerciais na própria escola, representando todo o processo
de circulação da mercadoria com a mediação simbólica do uso de cheque. Também,
cito a horta escolar que ensinava a cultivar e valorizar a natureza. No final
do ensino fundamental (8ª série), pela primeira vez, eu ficava em recuperação
na disciplina de matemática. Apesar da tensão, do terror que o professor
transmitia, pude me superar e estudar mais apropriadamente sobre a fórmula de
Bháskara e sua aplicação nas equações completas do 2º grau.
Nesta época, por
necessidade e não por coincidência, eu já trabalhava vendendo frutas e verduras
nas ruas próximas à escola, gerando uma tentativa fracassada de algo que hoje
seria chamado de bullying. No campo político, o país vivia o processo da
Anistia e o retorno dos exilados e democratas. O Brasil mudou, o mundo mudou,
mas não tanto quanto precisava. Nós também mudamos, mas em que direção?
Concluí o ensino
fundamental alheio a tudo isto.
*Texto apresentado na Disciplina do Mestrado em Educação da UECE (2015), ministrada pela professora Fátima Leitão e pelo professor Germano Magalhães.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GAARDEN, Jostein. O mundo de
Sofia: romance da história da filosofia; tradução João Azenha Jr. – São
Paulo: Companhia das Letras, 1995.
VICENTINI, Paula Perin; LUGLI, Rosario Genta. História da Profissão Docente no Brasil: representações em disputa.
São Paulo: Cortez, 2009. (Biblioteca básica da história da educação brasileira).
sexta-feira, 12 de junho de 2020
quarta-feira, 27 de maio de 2020
Zuada Certa Entrevista Dr. Brito
Entrevista no #VixeTube com o Dr. Brito, pré-candidato a Prefeito de Paraipaba! O homem é advogado, político e maestro, entre outras coisas!
quinta-feira, 14 de maio de 2020
Da necropolítica à reação popular
A direita pode até desejar, mas são os pobres que
necessitam de uma convulsão social para alterar a correlação de forças e se
salvar da morte
A expressão
máxima da soberania reside, em grande medida, no poder e na capacidade de ditar
quem pode viver e quem deve morrer. Por isso, matar ou deixar viver constituem
os limites da soberania, seus atributos fundamentais. Exercitar a soberania é
exercer controle sobre a mortalidade e definir a vida como a implantação e manifestação
de poder.
[Achille
Mbembe].
A
necropolítica, conforme Achille Mbembe, trata das formas contemporâneas que subjugam
a vida ao poder da morte, avançando de forma cruel no Brasil. Os ricos
empresários e um governo inacreditável, esforçam-se de todas as maneiras para
condenar os pobres, trabalhadores, desempregados, subempregados e populações em
situação de rua à exposição ao coronavírus e à morte.
Em
nome de salvar CNPJs que “rumam para a UTI”, eles defendem o fim do isolamento
social e a contaminação da população pelo vírus letal. A elite faz manifestações
em favor da morte, convocando os trabalhadores para voltarem ao “pelourinho”.
O
governo federal (um aglomerado de incapazes administrativos e seres cruéis) por
sua vez, recusa-se a mudar os rumos de sua política econômica, igualmente
assassina, que retirou direitos trabalhistas, acabou com a perspectiva de
aposentadoria e jogou milhões de brasileiros no desemprego, subemprego e miséria,
provocando aglomeração em filas de bancos por dificultar a entrega de R$ 600.00
de ajuda aos brasileiros.
Para
piorar essa situação, esse governo de perigosos “idiotas” está repleto de
“terraplanistas” e negacionistas da ciência e da realidade, promovendo todo
tipo de ataques e atentados contra o pais, seja cancelando verbas para a pesquisa,
seja tentando manter o ENEM em plena pandemia, seja anistiando incendiários e
desmatadores da Amazônia ou muitas outras formas de tentar destruir qualquer
traço de civilidade que se tenha conquistado a duras penas, numa nação forjada
por séculos de extermínio, escravidão e opressão do povo.
No
Ceará, o governo estadual junto com a prefeitura municipal de Fortaleza,
sinaliza estar na direção oposta ao governo federal, adota o isolamento social,
defende a ciência e a civilidade e até distribui botijões de gás e paga algumas
contas de água de populações de baixa renda. No entanto, não consegue se
dissociar da necropolítica em curso no país e que atinge as camadas mais
desassistidas da população.
Aqui,
como em todo o país, foram os ricos e a classe média quem contaminaram as
populações com suas viagens internacionais e os consumismos globalizados. Mas,
são os pobres e periféricos que estão sucumbindo diante da covid-19, aglomerados
em filas e ou em barracos de microcômodos, sem fontes de renda, sem proteção
governamental e com boletos e contas a pagar, empresas cobrando em ligações
ameaçadoras diárias, estão entre a morte por coronavírus e a fome.
Do
governo estadual, nenhum sinal da possibilidade de adotar uma renda básica para
socorrer a população, embora o governador já disponha de um instrumento
adequado para tal fim, o Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECOP). Quanto ao
seu aliado, o prefeito de Fortaleza resolveu adotar uma ajuda financeira para
os mais necessitados, inacreditáveis R$ 100,00, mais humilhantes do que
eficazes.
Tudo
isso, faz a necropolítica parecer o produto de uma assustadora cumplicidade
entre empresários egoístas e de perfil escravagista, governos insensíveis e
superficiais que juntos vão condenando os não privilegiados à contaminação,
guetização e morte diante da maior ameaça que a humanidade já enfrentou em toda
a sua existência.
O
que resta saber é se as classes mais atingidas pela pandemia, seja no campo
sanitário, econômico ou social, vão se deixar matar pela necropolítica ou vão
reagir e rebelar-se levando o país à convulsão social e ao enfrentamento contra
a elite e os seus governos, pois é isso o que se avizinha. Diante de tanta
insensibilidade e descaso, por um lado, e crueldade deliberada por outro, resta
à população buscar alimento e subsistência por seus próprios meios.
Nos
próximos meses, não será surpresa se começar a acontecer saques e expropriações
de bens, pelos mais pobres diante do desespero e da fome que poderá atingir ainda
mais a população, forçada ao isolamento social e sem proteção alguma dos
governos, e ainda, lançada a trabalhar nas empresas-matadouros dos
necro-empresários que reduzem salários e cobram produtividade em meio à
pandemia.
Diante
de uma elite sádica, descontrolada e sanguinária, e de instituições cúmplices e
ou acovardadas, a reação popular se torna imperiosa para salvar vidas e repor o
mínimo de civilidade necessária à convivência social.
Entretanto,
se vier alguma reação ou rebeldia, certamente, serão mais produtos do
desespero, da fome e da ação própria dos indivíduos atingidos pela necropolítica
do que pela ação consciente dos políticos e intelectuais. Assim, dos movimentos
tradicionais e dos partidos da esquerda eleitoral, não se pode esperar nenhuma
ação desse tipo, nenhum esforço de organização de qualquer reação que extrapole
os limites da solidariedade liberal e da arrecadação de cestas básicas, dos
discursos piedosos e alarmistas do parlamento, ou mesmo da comoção diante das
notas de repúdio lidas no jornal nacional, além das esperanças sufragistas
depositadas nas próximas eleições (que inclusive, nem se sabe se ocorrerão).
Mais
do que nunca, as massas excluídas, trabalhadoras, desempregadas, subempregadas
e o lúmpen pobre, estarão por contra própria. Terão que cuidar de si próprios e
por si mesmos. Dias de Luta virão!
Porf. Joatan Freitas
Movimento Dias de Luta
quinta-feira, 7 de maio de 2020
Lockdown sem renda básica é tortura na periferia
Prof. Joatan Freitas |
O coronavírus está à espreita nas
esquinas do mundo, mas essa não é a história toda. O descaso político do
Governo Federal com a saúde pública, descumprindo as orientações científicas
contra a pandemia, só faz validar as medidas duras de isolamento social adotadas
pelo governador Camilo Santana e pelo prefeito Roberto Cláudio, já em vigor
nesta sexta feira (08/05), em Fortaleza.
Se essas medidas são acertadas em
relação à contenção da pandemia, por outro lado, serão insuficientes se não
garantirem uma renda básica aos milhares de fortalezenses desempregados,
subempregados, autônomos e em situação de rua. Sem apoio financeiro às famílias
carentes, tais medidas representarão somente o acirramento do apartheid social
de uma das mais desiguais capitais do país. Sem ter como trabalhar e sem renda,
os confinados à força pelo Estado passarão fome em barracos e residências de
poucos cômodos. Não se deseja, mas a situação pode se agravar com os
migrantes doentes do interior, lembrando “os campos de concentração” no século
passado. Entretanto, não se pode criticar sem oferecer uma proposta coerente.
Nesse sentido, pensa-se que
o governador já deveria ter adotado a renda básica cearense através do
Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECOP) e socorrido os mais
necessitados. O prefeito de Fortaleza, por sua vez, teve a desfaçatez de
destinar apenas R$ 100,00 (cem reais) de ajuda para os necessitados da capital.
Lockdown sem renda básica é tortura,
repressão e assassinato da periferia.
O isolamento social rígido de Camilo
e Roberto Cláudio tende a funcionar como um decreto de fome para as populações
das periferias da capital, provocando desespero e desobediência civil e,
revoltantemente, repressão policial. A situação pode piorar com enfrentamentos
e saques em comércios, devido ao desespero de quem não tem como trabalhar e
garantir o seu sustento nas ocupações informais, como vendas no comércio
ambulante, “bicos” e serviços, ou por ter tido o contrato cancelado ou o
salário reduzido.
A falência das pequenas empresas
aumenta ainda mais a crise econômica. Os boletos e contas continuam chegando,
os bancos não reduzem os juros, não facilitam o pagamento dos débitos da
população e nem negociam os valores dos consignados dos servidores públicos. Os
bancos agem sem nenhuma responsabilidade social com a economia do Estado, é
como se a vida estivesse numa situação normal. O governo precisa pressionar os
bancos para amenizarem a crise financeira das pequenas e microempresas, além de
apresentar soluções justas para as pessoas endividadas.
Não é possível que Camilo Santana e
Roberto Cláudio não tenham sensibilidade suficiente para perceber que as
pessoas das periferias não podem ser obrigadas a ficar em suas casas, sem as
mínimas condições sanitárias e econômicas de sobrevivência. Esses governantes
são responsáveis por todas as consequências advindas dessa situação e a
população lembrará de tudo isso, talvez antes das próximas eleições.
Lockdown no Ceará só
faz sentido e só funciona se acompanhado de renda básica para desempregados,
subempregados, autônomos e populações em situação de rua. Sem apoio e sem
perspectivas, resta ao povo somente a solidariedade dos voluntários, o
desespero, a violência social e os riscos de convulsão social. Por isso,
defende-se o isolamento social com renda básica urgente, através do uso do
FECOP. Dias de luta virão!
Prof. Joatan Freitas
Movimento Dias de Luta!
quarta-feira, 6 de maio de 2020
Carta dos movimentos sociais ao governador do Ceará
Ceará pela Vida:
Carta dos movimentos e organizações populares do campo e da cidade contra o
coronavírus no Ceará
Excelentíssimo
senhor Camilo Santana
Governador do
Estado do Ceará
Estamos
aqui em nome de diversas organizações, movimentos, partidos e outros segmentos
populares da sociedade, ao final subscritos, para levar nossas análises,
preocupações e sugestões de como avaliamos e nos colocamos para a luta contra o
novo coronavírus e as questões que se apresentam dentro desse cenário caótico e
de crises.
O
momento que atravessamos não tem precedentes na história recente. A humanidade
vem conhecendo o inimigo e suas próprias fragilidades durante a batalha. A
comunidade cientifica não tem, até o momento, uma saída a médio prazo para
superar essa situação. A economia, cada vez mais controlada e a serviço do
capital financeiro e das corporações transnacionais que atuam como parasitas
sobre nossas riquezas. A crise provocada por essa pandemia expõe a crueldade e
a insensatez do projeto neoliberal e neofascista que hoje dirige a nação e os
seus efeitos, principalmente sobre a classe trabalhadora e os mais pobres. O
agravamento da crise do capitalismo que atinge a economia, a política, a sociedade
e a natureza nos traz como consequências a anulação de direitos sociais, a
privatização de serviços e empresas públicas, o assalto aos recursos públicos
por grandes empresas e bancos, a desregulamentação e precarização do trabalho e
a negação do Estado como garantidor de direitos humanos e sociais. São fórmulas
que só nos afastam da solução dos problemas mais urgentes do povo.
O
vírus chega ao Brasil em momento de estagnação econômica, desmonte de serviços
públicos, aumento da pobreza e das desigualdades sociais, trabalho precarizado,
desemprego e outra grande parcela de ocupados em empregos informais, sem
proteção social. O Governo Federal, expresso no vírus que ocupa cadeira do
Palácio do Planalto, com sua ação insana, genocida e irresponsável não assume
medidas eficazes contra a crise, ao contrário, tornou-se a principal ameaça
para a segurança e o bem-estar da população brasileira, atuando abertamente
para sabotar medidas de proteção ao povo brasileiro, na contramão das
recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Nos
pautamos pela defesa da vida, pela confiança no conhecimento científico e na
consciência de que o egoísmo e o individualismo de nada valem para enfrentar
essa crise. Todas as saídas passam pela submissão de interesses privados aos de
toda a sociedade, pela ação coletiva, por união e solidariedade popular e pela
unidade política em torno do fim desse governo. Por isso, dizemos “fora
Bolsonaro”.
No
Estado, o primeiro caso de Covid-19 foi confirmado em 14 de março e, desde
então, aumentou o número de infectados e, consequentemente, muitos vieram a
óbito, o que coloca o Ceará como um dos estados mais afetados do país. Segundo
dados do Integra SUS, já são mais de 11,1 mil casos confirmados da doença,
totalizando mais de 732 mortes, com uma letalidade alta de 6,6%, afetando um
total de 163 municípios, o que confirma a presença da doença na grande maioria
do território cearense. Mesmo com a mortalidade sendo maior em pacientes
idosos, a principal faixa etária afetada pela doença é a de 25 a 60 anos de
idade, o que vem produzido mortes também nesse grupo populacional. Ademais,
esses dados não refletem a realidade do número total de doentes no Estado, uma
vez que grande parte da população não teve acesso a realização de exames para
confirmação do diagnóstico, o que indica que seja muito maior os acometidos
pelo novo coronavírus.
As
medidas de distanciamento social decretadas por Vossa Excelência contribuíram
para diminuir a curva do gráfico de propagação do vírus no Estado. No entanto,
o número de casos e mortes ainda continua em ascensão significativa. E, nesse
momento, estamos com serviços de saúde entrando em exaustão com ocupação de até
80% dos leitos de UTI em todo o território cearense, chegando a 98% na Capital.
O atual cenário nos preocupa muito, podendo levar as pessoas a não terem acesso
ao serviço de saúde em todos os níveis de atenção se necessário. Concordando
com a OMS, que se tais medidas não tivessem sido adotadas, provavelmente,
estaríamos em um cenário muito mais devastador, com maior número de casos e
óbitos em nosso Estado.
O
epicentro da contaminação de Covid-19 espalha-se das áreas nobres para a
periferia de Fortaleza, onde o contágio e letalidade são maiores do que a média
estadual, visto que os bairros periféricos da Capital são densamente povoados,
com moradias precárias, sem acesso ao saneamento básico e ao abastecimento de
água, além do desemprego em massa. Também já começa a se agravar no Interior do
Estado, onde as condições e o acesso à saúde e a outros serviços básicos são
precários. Assim, não há condições objetivas para o cumprimento integral do
distanciamento social.
Portanto,
além de manter o distanciamento social como medida preventiva, é preciso
reafirmar a importância do papel da Atenção Primária à Saúde no cuidado dos
pacientes para evitar os agravos, assim como as UPAS estarem em condições de
realizar os cuidados de pacientes com mais complexidade, sendo necessário
seguir aumentando o número de leitos em enfermarias e UTIs nos hospitais, para
garantir o fluxo de regulação dos pacientes dos serviços de saúde que são porta
de entrada, permitindo, assim, salvar vidas de pessoas que estão em situações
de gravidade.
Destacamos
a urgente manutenção dos EPIs para os profissionais da saúde a fim de evitar
adoecimentos e mortes, mantendo as equipes de forma permanente nos fronts de
trabalho. Realizar vigilância e garantir acesso aos serviços de saúde para as
populações mais vulneráveis como a População do Campo, da Floresta e das Águas;
a População Privada de Liberdade; a População em Situação de Rua; População
Indígena e outras que se encontrem nesse contexto. Diante desse cenário,
apoiamos também a iniciativa do Consórcio Nordeste em instituir a Brigada
Emergencial de Saúde do Nordeste, que permitirá mais acesso ao atendimento
médico onde houver mais dificuldade de acesso.
Reconhecemos
as medidas tomadas pelo Governo do Estado - seguidas em parte pela Prefeitura
de Fortaleza - para minimizar os efeitos da crise nas populações mais
vulneráveis. Os benefícios estaduais sobre as contas de luz e água, a
distribuição de botijões de gás e cestas básicas, assim como o auxílio para
despesas essenciais para estudantes da rede pública estadual são medidas que
asseguram minimamente condições à população pobre. A destinação do estádio
Presidente Vargas como hospital de campanha, o aparelhamento de UPAs e a
ampliação de leitos de UTI pelo Estado são ações que alentam a esperança de
atendimento às pessoas que necessitarem. Entretanto, fazemos aqui ressalvas à
Prefeitura de Fortaleza que contraria o decreto do governador o qual impõe
fechamento de serviços não essenciais e, injustificadamente, tem órgãos e
serviços não essenciais com funcionamento presencial, a exemplo da Secretaria
de Urbanização e Meio Ambiente (Seuma).
Na
mesma linha de enfrentamento à crise, destacamos os projetos e votos de
deputadas e deputados comprometidos com as causas sociais e populares, que
contribuem, ampliam e vão ao encontro das medidas do Poder Executivo. Vale aqui
também ressaltar o papel do Consórcio Nordeste, que posiciona nossa Região em
condições de unidade e responsabilidade com nosso povo, fazendo valer o pacto
federativo mesmo diante da omissão criminosa do Governo Federal. O combate às
“notícias falsas”, que são espalhadas com intenções nocivas à saúde e à
democracia são igualmente de grande importância para todas e todos nós. Ao
mesmo passo que reconhecemos as medidas do Governo Estadual, assumimos o
monitoramento sobre a distribuição dos benefícios e serviços, no sentido de
termos certeza de que os mesmos estão chegando a todos e todas que
verdadeiramente necessitam, assim como os territórios e populações ainda não
atendidas.
Nossos
levantamentos demonstram a necessidade de maior atenção aos diversos
territórios com moradias precárias ou sem moradia, falta de água, saneamento e
comida. A população de rua ainda precisa de condições para cumprir o
isolamento, mais ainda em caso de endurecimento dessas medidas. A população
migrante - de número significativo em Fortaleza e no Interior do Estado – sofre,
pela própria condição, maiores dificuldades de acesso às medidas tomadas, o que
agrava a sua sobrevivência. As comunidades quilombolas, indígenas, atingidas
por barragens, minerações, entre outras, atingidos por grandes obras com
impactos territoriais e sociais, apresentam um quadro complicado de carências
que merece atenção especial. A população de catadores e catadoras de
recicláveis sofre situações altamente complicadas, até insustentáveis. Nossa
preocupação com a população em situação de privação de liberdade se dá em
função da superlotação das unidades prisionais, que agrava os riscos de
propagação do vírus e, consequentemente, pode se estender aos familiares das
encarceradas e encarcerados, aos trabalhadores do sistema penitenciário e
também a seus familiares.
Destacamos
o aumento progressivo da violência, seja pelo crescimento no número de casos de
crimes, seja pela acentuada sensação de insegurança em muitos locais, em
especial na periferia e em localidades com pouco alcance das forças de
segurança pública. No contexto da crise sanitária e do isolamento de muitas
famílias, a violência doméstica contra mulheres, crianças e idosos ganha
dimensão que merece a adoção de medidas institucionais rigorosas, como por
exemplo a garantia de funcionamento dos órgãos de atendimento e defesa, além da
expansão da informação sobre canais de denúncias e orientações às vítimas.
As
mulheres, que historicamente sofrem os danos físicos e morais do machismo e da
violência de gênero, tornam-se mais vulneráveis no ambiente compartilhado com
os seus agressores, pelo aumento das tensões das relações, pela sobrecarga do
trabalho doméstico e dos cuidados com os demais membros da família. Nessas
circunstâncias, além dos riscos da violência podem ser afetadas com a privação
da possibilidade de denúncia e pedidos de socorro.
Logo
no avanço da pandemia - e cientes das condições que poderíamos passar -,
organizações e movimentos populares da sociedade civil, como a Frente Brasil
Popular e Frente Povo Sem Medo, tomaram medidas para proteger a vida, a saúde,
a renda e o emprego, elaborando e propondo aos governos e à sociedade a
Plataforma Emergencial para Enfrentamento da Pandemia do Coronavírus e da Crise
Brasileira, que conta com mais de 60 propostas, haja vista a necessidade de
diminuir as consequências da atual crise econômica, sanitária e humanitária.
Estamos
também em articulação de redes de solidariedade, por meio das campanhas Vamos
Precisar de Todo Mundo e Periferia Viva, com objetivo de dar visibilidade e
fortalecer as iniciativas populares para coleta de alimentos, roupas, material
higiênico, entre outros, ou seja, doando aquilo que às vezes nos falta para que
a solidariedade seja entre e para nós princípio de organização social e de
vida, um ato de humanidade e de posicionamento político. Mas muito ainda tem de
ser feito, ultrapassando nossos limites e condições em face da ampliação da
miséria e da fome.
Compreendemos
como urgente a necessidade de ampliação e maior rigor das medidas de restrições
à circulação para garantir o isolamento social, através de cobranças severas e
atuação das forças em gestores e municípios que ainda desrespeitam ou não tomam
medidas mais severas diante das aglomerações. O vírus já se espalha nas
comunidades rurais, onde é mais difícil o acesso a postos e hospitais. Assim,
apoiamos totalmente a aplicação de lockdown, principalmente em Fortaleza e
Região Metropolitana. Todavia, também é necessário levar em consideração o
contexto da população para que o isolamento social seja um direito coletivo,
garantido com proteção social indistintamente e não um privilégio de poucos.
Nosso compromisso é acima de tudo com a vida e não com o lucro, principalmente
com as populações mais vulneráveis.
A
despeito de todas as medidas governamentais, lamentamos a falta de interlocução
entre o Poder Público e as organizações e movimentos populares cearenses. Nosso
tamanho e importância política para a formação de opinião pública, para a
mobilização e articulação com os mais variados setores da população do Ceará,
torna um erro qualquer invisibilidade ou silenciamento do que representamos.
Cumprimos e desempenhamos um grandioso papel nesse momento de luta pela vida e
combate ao novo coronavírus, tanto na Capital e nas cidades, quanto no campo em
nosso Estado. Portanto, discordamos que as discussões e decisões tenham a
participação apenas de setores restritos, principalmente dos representantes do
empresariado e do capital. Cientes da responsabilidade, compromisso e
legitimidade, reivindicamos a participação popular no Comitê Estadual de
Enfrentamento à Pandemia do Coronavírus no Ceará.
Assim,
conclamamos a Vossa Excelência:
a.
Por amor à vida, decretação imediata do lockdown
no Ceará;
b.
Participação de representações dos movimentos populares no Comitê que discute e
analisa a pandemia no Estado;
c.
Defesa intransigente do SUS como sistema público, direito constitucional,
descentralizado, integral e não condicionado a medida do teto dos gastos;
d.
Que a Prefeitura de Fortaleza acate proposta já apresentada na Câmara Municipal
de requisitar hotéis, pousadas, motéis e demais estabelecimentos privados para
hospedar populações de baixa renda e sem condições habitáveis para cumprir o
isolamento social;
e.
Solicitamos ações mais enérgicas em cidades que ainda insistem em desrespeitar
as normas de isolamento;
f.
Garantia de EPIs para os profissionais da saúde, a fim de evitar adoecimentos e
mortes, com manutenção das equipes de forma permanente nos fronts de trabalho;
g.
Realizar vigilância e garantir acesso aos serviços de saúde para as populações
mais vulneráveis como a População do Campo, da Floresta e das Águas; a
População Privada de Liberdade; a População em Situação de Rua; População
Indígena e outras populações que tiveram riscos sociais agravados nesse
contexto;
h.
Apoiamos a iniciativa do Consórcio Nordeste em instituir a Brigada Emergencial
de Saúde do Nordeste;
i.
Os leitos de UTI nos hospitais privados precisam compor as demandas de
atendimentos do Estado;
j.
Instituição, em âmbito estadual, de um Programa para Aquisição de Alimentos
(PAA), garantindo compra de produtos de áreas de assentamentos, agricultores
familiares, sistemas agroflorestais e comunidades rurais, com distribuição
simultânea de produtos para as comunidades e povos mais necessitados em nosso
Estado;
k.
Suspensão de ações judiciais de qualquer natureza, ou execuções judiciais, que
afetem as condições de sobrevivência e a permanência de populações em áreas e
territórios, bem como a ação enérgica do Estado e suas instituições para coibir
ameaças de conflitos ou invasões por parte de empreiteiras, imobiliárias,
fazendeiros e outros;
l.
Manutenção das ações da Assistência Social, com o pleno funcionamento dos CRAS
e CREAS, tendo em vista que os serviços do SUAS são essenciais e devem fazer
interface com os serviços de saúde;
m.
Avançar na campanha de taxação das grandes fortunas, denunciado e impedindo
perdão, isenção e benefícios para as grandes empresas de capital no Estado e
exigindo que mantenham empregos e atuem mais nas campanhas de contribuição;
n.
Instalação um Comitê de Crise que trate do enfrentamento à violência contra a
mulher em nossa Capital e Estado, com a criação, em regime de urgência, do que
estamos chamando de Pelotão Maria da Penha com estrutura e equipes de trabalho
para o atendimento imediato às vítimas. Investimento em campanhas educativas
permanentes, bem como otimização contínua dos equipamentos que integram a Rede
Estadual de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher;
o.
Intensificar campanhas de comunicação com a campanha #FiqueEmCasa, por meio dos
diversos veículos, ampliando o processo de informação e convocação da sociedade
para o perigo da contaminação, com recorte para a População do Campo, das
Florestas e das Águas;
p.
Solicitamos à Prefeitura de Fortaleza que a distribuição das cestas básicas às
famílias de estudantes seja realizada em locais distantes das UPAs e postos de
saúde, evitando mais contaminações;
q.
Pedimos a imediata suspensão das atividades decorrentes da mineração no Ceará,
principalmente aquelas relacionadas a pesquisa, lavra e indústria que
consideramos não serem essenciais nesse momento;
r.
Fiscalizar empresas terceirizadas das prefeituras e do Estado que estão
colocando trabalhadores e trabalhadoras para trabalhar em serviços que não são
essenciais;
s.
Que seja fortalecido o serviço público, em todas as suas esferas, com
manutenção e respeito aos direitos dos servidores e das servidoras públicas que
estão em linha de frente ao coronavírus.
t.
Revisão processual dos grupos de risco. É urgente reduzir o encarceramento
desses grupos: portadores de HIV, doenças crônicas, idosos e etc;
u.
Divulgação de boletim diário epidemiológico do sistema carcerário e sócio
educativo (algumas organizações já solicitaram isso no GT do GMF/TJ e ainda não
foram atendidos);
v.
Aquisição emergencial de EPI’s para trabalhadores/as catadores de materiais
recicláveis que trabalham de forma individual (mascaras, luvas, botas e álcool
em gel) para manusear os materiais e descarte adequadamente após o uso;
w.
Garantir segurança alimentar dos trabalhadores/as catadores/as disponibilizando
cestas básicas, onde é considerado pelas autoridades locais, o período crítico
de propagação do Covid-19;
x.
Utilização dos recursos do IQM e Bolsa Catador para garantir renda mínima aos
catadores/as, como complemento aos recursos disponibilizados pelo governo
federal.
Fortaleza,
05 de Maio de 2020
Subscrevem esta
carta:
Associação
dos Docentes da Universidade Federal do Ceará – ADUFC
Associação
Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD
Associação
Escola Família Agrícola Jaguaribana-Tabuleiro do Norte
ASA/Fórum
Cearense pela Vida no semiárido
Articulação
das Pastorais Sociais, CEBs e Organismos Regional NE 1- Ceará
Associação
dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil - AFBNB
Casa
da Cultura e Defesa da Mulher Chiquinha Gonzaga
Cáritas
Brasileira Regional Ceará
Centro
Socorro Abreu - CSA
Centro de Pesquisa e Assessoria - ESPLAR
Central
de Movimentos Populares – CMP
Central
dos Trabalhadores do Brasil - CTB
Central
Única dos Trabalhadores – CUT
Centro
de Estudo do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador - CETRA
Comissão
Pastoral da Terra – Regional Ceará
Coordenação
Regional das Pastorais Sociais, CEBs e organismos
Consulta
Popular
Confederação
Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas Ceará - CEQUIRCE/CONAQ
Comissão
Pastoral dos Pescadores – CPP
Federação
dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do
Ceará - FETRAECE
Frente
Brasil Popular – FBP
Federação
dos Trabalhadores, Empregados e Empregadas no Comercio e Serviços no Estado do
Ceará - FETRACE
Frente
Povo Sem Medo – FPSM
Fórum
em Defesa do SUS e pelo concurso público.
Levante
Popular da Juventude - LPJ
Movimento
Dias de Luta
Movimento
de Saúde Mental Comunitária - MSMC
Movimento
pela Soberania Popular na Mineração - MAM
Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST
Movimento
dos Atingidos por Barragens - MAB
Marcha
Mundial das Mulheres - MMM
Movimento
dos Trabalhadores por Direitos – MTD
Movimento
dos Trabalhadores Sem Teto – MTST
Movimento
Negro Unificado-MNU
Movimento
Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis – Sessão Ceará
Núcleo
Popular Pastoral dos Migrantes
Partido
dos Trabalhadores - PT
Partido
Socialismo e Liberdade - PSOL
Partido
Comunista do Brasil – PCdoB
Rede
Saúde, Saneamento, Água e Direitos Humanos - RESSADH
Rede
Comunitária de Enfrentamento à violência contra a mulher
Rede
Nacional de Médicos e Médicas Populares
Rede
de Catadores Estado do Ceará
Sindicato
dos Docentes da Universidade Estadual do Ceará - SINDUECE/ANDE
Sindicato
dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará – Sindjorce
União
Brasileira de Mulheres – UBM
Subscrevemos
e divulgamos o teor dessa nota, e acrescentamos o uso do FECOP.
No
Ceará, o governo do Estado precisa utilizar o Fundo Estadual de Combate à
Pobreza (FECOP) para garantir renda mínima e cestas básicas à população em
situação de rua, aos desempregados, aos subempregados, aos ambulantes ou
autônomos. O estado deve amparar os que mais precisam, só que não fará isto sem
pressão popular pelas redes sociais.
Prof. Joatan Freitas
Coordenador
terça-feira, 5 de maio de 2020
CAMPANHA SOLIDARIEDADE NA PERIFERIA CONTINUA
Diante do desespero de milhões de
moradores das periferias, sem saúde pública e condições mínimas de subsistência, deixados à própria sorte pelos governos, os
movimentos sociais pressionam as instituições governamentais, formando uma linha de frente no apoio, solidariedade e proteção
aos mais vulneráveis durante a pandemia de coronavírus.
Prof. Joatan Freitas e Kelvin (CMP) |
O Movimento Dias de Luta e a Central dos
Movimentos Populares (CMP) realizam mais uma distribuição de cestas básicas na
periferia de Fortaleza. A Campanha Solidariedade nas Periferias realiza a sua
segunda distribuição de alimentos chamando atenção para as necessidades urgentes
dessa população diante das dificuldades de receber um auxílio do governo
Federal.
Os movimentos sociais
propõem que o governo do Estado do Ceará, além do lockdown, adote medidas próprias de socorro aos
desempregados, subempregados, autônomos e populações em situação de rua. Um dos
caminhos apontados é o uso imediato do Fundo Estadual de Combate à Pobreza
(FECOP) para pagar uma renda básica às pessoas que mais precisam, de forma prática, sem burocracia e riscos de contaminação, como já vem ocorrendo nas filas dos bancos.
Segundo o professor Joatan Freitas “essa
distribuição de alimentos é insuficiente para garantir um mínimo aos mais
necessitados, entretanto, a solidariedade pode ser a única opção para alguns,
uma vez que o Estado policial é rápido na repressão aos pobres, mas lento quanto
a garantir os direitos humanos dessas populações na periferia”.
A Campanha de Solidariedade está atenta à situação dos empreendedores, trabalhadores e profissionais
criativos do polo de lazer do Conjunto Ceará, pois não podem trabalhar na área devido a obra
inacabada e à pandemia, por isso, reservou algumas cestas básicas para esses setores. O
Movimento Dias de Luta volta a denunciar o abandono do bairro pela prefeitura, além da irresponsabilidade do poder público que quebrou e abandonou a obra de reforma
do polo, gerando desemprego e prejuízos socioculturais, agravado ainda mais
com a chegada do coronavírus.
O Movimento Dias de Luta e a Central dos
Movimentos Populares (CMP) seguirão juntos fortalecendo a campanha
Solidariedade nas Periferias, levando apoio às comunidades e pressionando os
governos para disponibilizarem os recursos públicos e a força do Estado para
atender às demandas urgentes do povo na periferia.
segunda-feira, 27 de abril de 2020
DIAS DE LUTA E CMP SE UNEM EM CAMPANHA SOLIDÁRIA
O Movimento Dias de Luta em parceria com
a Central dos Movimentos Populares (CMP) realizou a entrega de cestas básicas
no Conjunto Ceará, como parte de uma ampla campanha de solidariedade dos movimentos
sociais com o povo da periferia. A campanha liderada pela CMP busca apoiar a
parte mais excluída e penalizada da população que sofre sem apoio governamental
e sem poder trabalhar para sobreviver.
Nesse momento, a solidariedade e a quarentena
são fundamentais para o êxito e o combate ao coronavírus! Mas, também é preciso
que os órgãos oficiais garantam uma renda básica urgente para a população em
situação de rua, os desempregados, os subempregados, os ambulantes ou autônomos.
Além da solidariedade é preciso pressionar as empresas, os bancos e os governos
para exercerem a responsabilidade social com as pessoas que mais precisam no
país.
No Conjunto Ceará, o Movimento Dias de
Luta priorizou os empreendedores e trabalhadores da cultura que atuam no Polo
de Lazer e que estão impedidos de trabalhar devido ao isolamento social. Outro
grave problema é o abandono de aproximadamente dois anos da reforma do polo de
lazer, desde que o Governo do Estado e a Prefeitura de Fortaleza quebraram a área
de lazer e não terminaram a obra, piorando muito as condições de trabalho dos
empreendedores, inviabilizando várias atividades sociais, esportivas, culturais
e econômicas que aconteciam no local.
A campanha de solidariedade continua, pois a situação da periferia é gritante, e junto com ela vai a denúncia do abandono desta pelos poderes públicos. As populações e os trabalhadores criativos da periferia estão entregues à própria sorte diante da crise econômica e da maior ameaça sanitária que a humanidade já enfrentou.
Agradecemos aos parceiros da CMP, aos
resistentes empreendedores e aos jovens criativos do polo de lazer do Conjunto
Ceará. Reafirmamos o nosso compromisso com o povo da periferia. Dias de Luta
Virão! Dias melhores, sempre!
#SOLIDARIEDADECOMAPERIFERIA!
#S.O.S.CONJUNTOCEARÁ!
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