quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Uma poética viagem do Crato (CE) a Juazeiro (BA)

O ônibus a Serra subindo
O roncado aumentando
Eu da janela olhando
O Crato ao poucos sumindo
E vou pensando que lindo
É o nosso amado Sertão
Tem tudo pra o cidadão
A grande dádiva de Deus
Que acolhe aos filhos seus
Dando amparo e proteção

Vou deixando o Ceará
Já chegando em Pernambuco
Num tremendo vuco-vuco
Buraco aqui e acolá
Chega em Exu, tomo um chá
Ouço o grande Gonzagão
Cantando Xote e Baião
Velhas lembranças me traz
Hoje em Exu reina a paz
Não há mais mortes em vão

Sigo sem grande escarcéu
Meu repente itinerante
Chegamos em Timorante
O da Pedra do Chapéu
As nuvens parecem um véu
Encobrindo o céu inteiro
Seguindo nesse roteiro
Chegamos em Bodocó
Terra do forrobodó
Nosso ritmo verdadeiro

Em Bodocó a lembrança
Da música do casamento
Da filha de "Antônio Bento"
Do meu tempo de criança
Numa tremenda festança
Aqui jaz a fé cristã
Tem a Pedra do Claranã
A São José tem louvor
E do poeta cantador
Flávio Leandro sou fã

Chegando em Ouricuri
O céu bastante nublado
Clima frio e invernado
O sol ainda não vi
Histórias daqui ouvi
Pois vovô aqui morou
E para a gente contou
Da "Guerra do Paraguai"
Confirmado por papai
Só dez por cento voltou

Santa Cruz é a parada
Para descanso e café
Leva o nome pela fé
Santa Cruz da Venerada
A uma cruz encontrada
Sob um pé de juazeiro
Que foi abrigo primeiro
De um padre adoecido
E ter nele permanecido
Até curar-se por inteiro

De Santa Cruz me despeço
Próximo destino é Lagoas
Vou compondo minhas loas
E a inspiração a Deus peço
Escrevendo recomeço
A caneta utilizando
No papel vou anotando
Ao improviso brotar
A "pilha" do celular
Acabou descarregando

Jutaí foi ligeirinho
Só vi a placa de "flande"
Já estamos em Lagoa Grande
Terra da uva e do vinho
Me contou um passarinho
Num acorde em si bemol
Que antes do arrebol
Você pode agendar
E os vinhos degustar
Com a marca "Rio Sol"

Sinto a presença divina
Passando a Serra da Santa
A minha euforia é tanta
Ao chegar em Petrolina
A cidade que fascina
O vale são franciscano
Entra ano e sai ano
Cada vez fica mais bela
Ė a menina singela
Do sertão pernambucano

Na ponte miro a paisagem
Das águas do Velho Chico
Cada vez que passo eu fico
Extasiado com a imagem
Bem no meio da passagem
Como um convite a alegria
Tem uma placa "sorria"
Depois da "Ilha do Fogo"
Bem vindo ao "desafogo"
Juazeiro da Bahia...

 (Agliberto Bezerra, improvisando na viagem do dia 1º Julho de 2019.)

3 comentários:

Augusto César disse...

Um décima com rima raras e um final capcioso. Seja bem vindo Agliberto Bezerra.

Augusto César disse...

E por favor, pluralize a palavra rima.

Joatan Freitas disse...

Maravilha de poesia Agliberto. Seja bem-vindo ao blog Carcará!