Entre cânticos e palmas, amigos, familiares, políticos e religiosos
acompanharam o sepultamento do padre Haroldo Coelho, por volta das 18
horas desse domingo (13), no cemitério Parque da Paz, no Passaré.
Exemplo de fé e coragem, padre Haroldo faleceu na última sexta-feira
(11), em Brasília, aos 77 anos, vítima de complicações renais e
respiratórias.
Durante o cortejo, os presentes cantaram “Pra não dizer que não falei
de flores”, música de Geraldo Vandré que teve a sua execução proibida
durante a ditadura militar. No trajeto, o caixão do religioso esteve
envolvido pelas bandeiras de Fortaleza, do Movimento dos Sem Terra
(MST), de partidos políticos e do time pelo qual torcia, o Ferroviário.
Pela manhã, o padre foi homenageado em velório na Igreja de Santa
Edwiges, onde o arcebispo de Fortaleza, dom José Antônio Aparecido Tosi
Marques, celebrou missa de corpo presente. “A vida dele serve de lição
para todo mundo. Na família, era o patriarca. Era tudo para a gente. Nos
deu lições de vida. Ele deixa só coisa boa, muito aprendizado… Era um
professor.”
Assim, de emoção e lembranças carinhosas, Diana Delny, 54, definiu o
tio. Para o padre Raimundo Nonato Oliveira Neto, da Paróquia São Vicente
de Paulo, Haroldo foi um “homem coerente”. “Não era só de discurso.
Havia sintonia forte entre o que ele dizia e o que vivia. Uma coerência
entre fé e vida.”
Segundo Alexandre Távora, que assessorava padre Haroldo havia cinco
anos, nos últimos três meses agravou-se um problema renal que há tempos o
acompanhava. Em dezembro, a função renal piorou e padre Haroldo
adquiriu anemia forte. “Ele estava muito debilitado”, lamentou.
Trajetória
José Haroldo Bezerra Coelho nasceu em 24 de março de 1935, em
Fortaleza. É o quinto filho de uma família de seis homens e duas
mulheres. Iniciou os estudos religiosos aos 14 anos. Recebeu ordenação
definitiva em 29 de novembro de 1964, na Igreja do Sagrado Coração de
Jesus. Cursou faculdade de Filosofia e licenciou-se em Ciências Sociais.
Fez pós-graduação na Universidade de Sorbonne, na França. Foi professor
da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Em 1986, quando filiado ao Partido dos Trabalhadores, candidatou-se
ao Governo do Estado do Ceará contra o coronel Adauto Bezerra e o
empresário Tasso Jereissati. Militante da esquerda, atuou pelo Partido
Socialismo e Liberdade (Psol).
(O POVO)
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