Nesta última terça-feira (03/12), referências
e intelectuais orgânicos do Movimento Hip Hop que pensam e orientam
organizações periféricas nas suas lutas sociais conversaram sobre a “teoria
marginal” que influencia a periferia há 30 anos no Ceará. A discussão sobre hip hop e lumpesinato
contou com a participação histórica de lideranças do movimento no Ceará. Na
pauta estavam questões polêmicas sobre a centralidade do trabalho, o papel do
lumpesinato e as lutas de classes. O evento ocorreu na Livraria Lamarca,
localizada Av. da Universidade, no Benfica.
Sobre o significado da terminologia
Lumpesinato não há unanimidade, sendo as principais discordâncias no âmbito dos
marxismo acadêmico. Já o Dicionário Online de Português descreve o lumpem com
base na “teoria marxista, termo que designa o
proletariado, a camada social desprovida de recursos econômicos, sem emprego
formal nem consciência de classe; lumpemproletariado”.
Conforme o prof. Joatan Freitas, um texto antigo do Comando
Político Unificado que integrava a Juventude Vermelha, a La Femme e o Movimento
Hip Hop, entre outros, já discutia a condição extemporânea do lumpem e apontava
para a existência de uma “classe social até então desprestigiada e mesmo
depreciada pela esquerda tradicional e pelos chamados “marxistas ortodoxos”.
Os teóricos marxistas
parecem atrelar o lumpem ao proletariado, pois colocam-no na condição de
derivação deste, sem autonomia de classe, ou quando muito, confundindo a
situação do lumpem com o “trabalho precariado” ou com o conceito desenvolvido
por Marx sobre o exército industrial de reserva. De fato, esta é uma questão refutada
pelo movimento e pela discussão no campo hip hop pelo menos há mais de três
décadas.
Esse movimento colocava-se como instrumento para desenvolver
junto ao lumpem pobre a subjetividade necessária para construir o movimento
revolucionário dos “excluídos”. Avaliava que o capitalismo já atingia o
estágio da barbárie e que nesta fase crescia a exclusão e assim aumentava
imensamente a classe social, agigantava-se também a tarefa de organizá-la, conscientizá-la
e direcioná-la para a tomada do poder.
Fontes:
Comando Político Unificado (CPU) – Material
de Formação Filosofia da Práxis, 2005.