Fonte: http://www.esmaelmorais.com.br/2013/06/charge-do-dia-o-rumo-dos-protestos/
O PT e o
Governo estão reféns do PMDB, da elite financeira e de setores da mídia com tradição golpista! Alguns oportunistas de direita pregam o fascismo e a intervenção militar. A esquerda mais
radical está isolada do movimento de massas. Como dizia Lênin: O que fazer? Na
Rússia czarista, portanto, em outro contexto histórico, ele apontou um caminho pelo viés revolucionário. No momento, segundo Mészáros, a sociedade atual está sendo dilacerada por uma crise estrutural do capital, mas contraditoriamente ou dialeticamente, sob os auspícios de um capitalismo com tendências à globalização e mais desenvolvido tecnologicamente. Já a América Latina se caracteriza pela
peculiaridade de ser uma região tradicionalmente dominada pela cultura colonial
patriarcal, machista e subserviente, e ainda impregnada de dependência econômica
e política. Neste contexto, qual caminho percorrer? Que mudanças
são perceptíveis no horizonte? Como fazer depois de se saber o que fazer?
Quais atores sociais surgem nesse processo turbulento de crise do capitalismo
brasileiro e mundial? Muitas perguntas feitas e muitas por fazer. Mas não
haverá resposta mágica e salvador da pátria. Esta obra de transformação
indiscutivelmente terá que ser coletiva e democrática, ou não será uma mudança
profunda.
No atual
contexto de crise política brasileira, uma posição coerente não deve ficar "em cima do
muro", por isso, deve-se firmar posição contra o impeachment de Dilma. Deve-se defender o direito
democrático de manifestação e a constitucionalidade possível no capitalismo,
mas essa constitucionalidade é insuficiente do ponto de vista da
transformação necessária, por isso, este posicionamento torna-se complexo e complicado.
Por padrão crítico, ético e político, faz-se necessário a crítica aos fascistas de
sempre. Mas ser contra o impeachment não significa ir às ruas para defender o governo e a política populista representada por Lula. A luta vai para além da defesa de um governo frágil, com medidas
antipopulares e refém da elite. Difícil também esquecer os escândalos
de corrupção do governo e aliados, sem falar na lei antiterrorista assinada por
Dilma recentemente; ou os acordos de politicagem com a elite tradicional que
mistura interesse privado com interesse público no estado. Ou seja, a aliança
de classes dentro do "sempre possível" e que ilude grande parte dos
trabalhadores, e iludiu muitos durante algum tempo.
A política
do pacto social do PT chegou ao fim, caindo ou não o governo, e aprofunda a
crise moral em todos os partidos políticos, vide os líderes da oposição serem
expulsos das manifestações antigoverno. Para avançar na consciência crítica e
evitar o retrocesso precisa-se colocar as bandeiras populares na frente da
luta, como a reforma política e agrária. Chamar para a greve geral de todos os
trabalhadores, a defesa de direitos, a democratização dos meios de comunicação
de massa, contra o extermínio da juventude, contra o nazifascismo e o
capitalismo, ou ainda, em casos de irreversibilidade do impeachment, convocar eleições
gerais (mesmo que limitadas à representação burguesa), entre tantas
bandeiras populares e radicais. Mas não simplesmente reforçar o personalismo
lulista ou salvacionista, apregoando a mesma ilusão de mudança já batida por
décadas.
No momento, a sociedade está refém deste falso dilema: "coxinhas x petralhas". Há diversas pessoas que abraçam as carapuças. Melhor não abraçar nem coxinhas, nem petralhas e respeitar todos os cidadãos, inclusive os que estão fora desses rótulos maniqueístas! Existem petistas que são contra o impeachment e não são "petralhas", como há outros que são a favor do impeachment e não são "coxinhas". Há pessoas que compõem uma maioria ainda silenciosa que não cabem nos rótulos de
"petralhas e coxinhas". Não se pode forçar as pessoas a entrarem neste falso dilema com argumentos limitados de ameaças "comunistas" ou de ilegalidade constitucional. Mais racionalidade e menos maniqueísmo.
Avançar no impossível e resgatar a utopia, mesmo que por um caminho difícil, talvez seja uma das formas de superar a mediocridade ou as limitações
do falso dilema e construir propostas concretas e plausíveis. Mas a história brasileira justifica o receio das pessoas que defendem o direito democrático burguês por temerem o
retrocesso político, por isso, a crítica ao fascismo e o apelo para resistir a um possível ou suposto golpe. Será que o medo está vencendo a esperança? Avante, sem receio do porvir. Um estudioso não tem a fórmula mágica que possa ir para além do possível, mas pode reconhecer que o limite teórico de suas reflexões se desvelam na prática social e política das coletividades. De fato, uma reflexão balizada por um coletivo tende a ser muito mais coerente, todavia, um cidadão não deve se furtar ao direito ainda democrático de socializar sua opinião.
Joatan Santos Jr.
Historiador e professor.
Mestrando em Educação (UECE).