quarta-feira, 6 de junho de 2012

FOCO INVERTIDO


(Edmar Junior)

Por muito tempo venho tentando entender a dinâmica da segurança pública em nosso estado. Se não me engano, esse governo foi o que melhor aparelhou a polícia e o que mais sofisticou o quadro funcional da segurança pública nos últimos 20 anos. Falo 20 anos, porque é um espaço temporal que consigo recordar sem vacilar.

Na perspectiva da eficiência do poder de polícia poderia com algumas ressalvas assinar que o governo cumpriu seus objetivos. Porém retraio-me a assinar qualquer outra coisa quando vejo a Segurança Pública no panorama da eficácia do modelo aplicado.

Será senso comum que só o poder de polícia nunca anulará nossos problemas de criminalidade? Será senso comum que o problema de segurança pública em qualquer cidade do mundo só poderá ser solucionado com reconstrução do tecido social daquele lugar?

Ontem uma amiga minha foi assaltada na praia de Iracema, roubaram seu IPAD e derem-lhe o título de vagabunda.

Bem companheiros, o que vemos são pessoas pobres enxertadas de noção de consumo burguês em suas cabeças com pouca ou nenhuma perspectiva de alcançá-los do jeito digno. Para a sociedade que vivo, a classe média, é senso ter encontrado um discurso fácil para mascarar o que temos de problema. Já vi muitas vezes, amigos meus repetirem a mesma frase: É malandro sim, tem muita gente pobre que vive dignamente sem roubar, do seu suor, do seu trabalho.

É fácil esse discurso, quando em um final de semana você gasta às vezes mais com farras, que o dinheiro total de uma família com 6 ganha no mês, graças muitas vezes aos programas sub-reparadores do Governo Federal. Digo “sub” porque nossa sociedade deveria pagar muito mais para essas pessoas.

Por que ninguém fala de quanto um empresário assalta de seu funcionário por dia em trabalho imaterial e criativo? Assalto sim, assalto muitas vezes mais perverso e silencioso, assalto a dignidade, a estima.

Temos milhares de jovens em nossa periferia, sem qualquer perspectiva de trabalho ou vida digna, com sonhos de consumo iguais aos jovens de nossa classe A. Não há como trabalhar Segurança Pública com foco no poder de polícia, só estaremos assim fazendo uma política de substituição do mundo do crime.

Temos de avançar pesado em uma política social de enfrentamento aos problemas sociais, temos o dever de trabalhar na reconstrução do tecido social do nosso estado. Temos o dever de apostar nossas fichas na juventude de periferia de nossas comunidades mais devastadas. Não podemos mais ficar calados frente ao aumento da criminalidade e ao atordoamento do governo aos problemas do Crack e do tráfico que cada vez mais se organiza.

Ou invertemos a lógica desse processo, ou estaremos jogando mais oito anos fora. Deve haver uma polícia eficiente sim, mas sozinha ela não diminuirá a violência de nosso Estado.

Perguntam se sei como chegar lá? Digamos que a ONG Embaixada Social vê uma luz no fim do túnel: As Frentes Criativas de Trabalho para Juventude.

Por Edmar Junior
Secretário Adjunto do Trabalho e Desenvolvimento Social da Prefeitura de Maranguape e Fundador da Embaixada Social.


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